De acordo com o otorrinolaringologista Pedro Cavalcanti, em entrevista ao AGORA RN, a alergia é uma doença de difícil controle pelo fato de se manifestar de diferentes formas, como hereditárias, respiratórias, alimentares, de contato e medicamentosas.
“Nós teríamos que pensar também na alergia como uma doença de difícil controle. Como a asma. Então, como não se pode ter uma cura, o médico tem que tentar o controle. Com o uso de medicamentos, com cuidados com o ambiente, evitando esses produtos alimentares que são sintéticos. E claro, também excluir o remédio”, afirmou.
Por meio dessas diferentes formas de manifestações da doença, o médico apontou que o crescimento do desenvolvimento de alergias tem crescido devido a fatores externos atuais, como as alterações climáticas, no caso da alergia respiratória.
“O mundo está sofrendo alterações climáticas demais. A gente diz que o problema não é só a alergia. É que essas reações que existem ao clima, como umidade, calor excessivo, a poluição, se relacionam ao quadro associado à alergia que chamamos de hiperreatividade respiratória, que ocorre tanto no nariz como nos brônquios. Então, essa hiperreatividade brônquica é o que leva muito a asma de repetição. Já a hiperreatividade nasal, que pode ser não só por fatores climáticos, mas por um desvio de septo, por um aumento dos cornetos nasais – estruturas que aquecem e filtram o ar – junto com a alergia exacerba os sintomas”, explicou.
Dessa forma, ele aponta também que uma das consequências para pessoas alérgicas se encontra na baixa qualidade de vida, que está diretamente relacionada ao grau de gravidade e do tipo da doença, como a asma, por exemplo.
“A pessoa que tem asma de repetição, por exemplo, vai avaliar um grau de alergia por alguns parâmetros, por exemplo, número de crises por ano, por semana, por mês, também pela quantidade de remédio que você toma para controlar. Depois, pela duração das crises. Tem gente que tem uma crise alérgica e com três, quatro dias está bem, mas tem outros que passam o mês todo, às vezes, com uma crise alérgica”, disse.
Devido a esses parâmetros, Pedro Cavalcanti ressalta que o tratamento tem um custo elevado, após o paciente ser avaliado, com indicações de vacinas, controles de ambientes e medicamentos, mas é um cuidado necessário. “A gente tem que avaliar o paciente para monitorar e diminuir o número de crises, diminuir a quantidade de remédio, diminuir a ausência do trabalho e da escola. Então, tudo isso é importante. É um quadro que o médico tem que acompanhar para saber se o tratamento está melhorando a qualidade de vida”.
Cuidados
Ao AGORA RN, o otorrinolaringologista apontou que quando a alergia é passada de forma genética, de pai para filho, a criança tem em torno de 40% de chance de ser alérgico. Já se os dois pais forem alérgicos, essa possibilidade passa para 75%. Com isso, o médico alerta que os pais alérgicos tenham logo de início uma orientação desde a primeira infância da criança e acompanhamento de um médico para evitar alergias.
Por outro lado, nos outros tipos de alergia, ele aconselha que evitar uso de alguns remédios e não frequentar por muito tempo lugares fechados. “Se na história da família tem um alérgico, por exemplo, a penicilina, então não vamos dar penicilina a criança. Se temos alguém com asma, é preciso melhorar o ambiente, deixar o ambiente mais arejado, mais ensolarado, para que não seja um ambiente fechado. Hoje, a população liga o ar-condicionado, fecha o quarto e não recebe sol, ventilação. Isso faz o acúmulo de poeira doméstica e ácaros, que são os grandes vilões, crescer. Então você tem que ter um ambiente preparado para não se expor tanto a ponto de poder desenvolver uma alergia”, enfatizou.
*Agora RN