O Governo do Estado vai apoiar a criação do primeiro museu de história indígena do Rio Grande do Norte. A medida foi discutida em reunião realizada na tarde desta quinta-feira (27) entre a equipe da gestão estadual, encabeçada pela governadora Fátima Bezerra, e lideranças de comunidades indígenas do RN. Na ocasião, Fátima atendeu à solicitação da cacique Lúcia Paiacu Tabajara, que apresentou a demanda através de uma carta lida por sua neta Gabriela Paiva, e oficializou o apoio à criação do Museu do Índio Luíza Cantofa, em Apodi.
"O momento que estamos vivendo aqui reflete a política do Governo do Estado de reconhecimento e valorização da população indígena do Rio Grande do Norte, em atenção à legítima luta de vocês, travada ao longo dos séculos com muita resistência e bravura. Através desse encontro, que é o segundo que realizamos desde que assumimos esta gestão, reafirmo nosso compromisso em atender às justas reivindicações da população indígena potiguar", declarou a governadora.
A comunidade indígena de Apodi requisita a doação do prédio, de propriedade do Governo do Estado, localizado numa das margens da Lagoa do Apodi, em local conhecido como balneário Missão 1. O prédio foi ocupado há dois anos pela Associação Indígena Centro Histórico Cultural Tapuias Paiacus para instalação da sede da entidade e do Museu do Índio Luíza Cantofa.
Conhecida como Casa das Máquinas, a edificação foi levantada há três décadas, mas nunca funcionou. "Construímos esta carta para solicitar que o prédio que está sendo ocupado na nossa aldeia seja doado, para que a gente possa garantir que a história dos indígenas, que não deixaram de existir, mas foram silenciados, se perpetue a todas as gerações", disse a cacique Lúcia, que há anos atua como guardiã da história de seu povo.
APOIO
Dando continuidade à política de igualdade racial implementada pelo Governo do Estado, estão sendo assistidas todas as 15 comunidades indígenas do RN com cestas básicas, máscaras e álcool em gel. Na reunião, a governadora Fátima Bezerra fez a entrega simbólica de cestas de alimentos e dos itens de proteção, em mais um desdobramento do programa RN Chega Junto, criado para fortalecer a rede de assistência às pessoas que tiveram a situação econômica durante a pandemia do novo coronavírus.
Durante a solenidade, as lideranças presentes foram convidadas a tecer suas considerações. Todas elas reconheceram o empenho da gestão estadual pela abertura em ouvir e atender às reivindicações da população indígena do Estado, desde a implantação da Secretaria de Estado das Mulheres, da Juventude Social, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos (Semjidh), até a entrega de alimentos e insumos no combate ao coronavírus, como também a inclusão da pauta indígena em um edital na Lei Aldir Blanc - Lei Federal de Emergencial Cultural, que está sob a gestão da Fundação José Augusto (FJA).
E por último, o apoio declarado à criação do primeiro museu indígena do Rio Grande do Norte, cujo apoio foi iniciado através de uma articulação feita com o controlador-geral Pedro Lopes, que conheceu a comunidade numa das entregas de cestas do RN Chega Junto.
Por outro lado, os indígenas também apresentaram as suas demandas, as suas dificuldades, as quais foram respondidas pelos gestores presentes a fim de que o Estado encontre os caminhos para solucionar. "Nós sabemos que as solicitações que vocês fizeram estão sendo atendidas pelas Secretarias de governo. Vamos nos unir e vamos em frente para poder atendê-los", destacou Eveline Guerra, titular da Semjidh.
RN CHEGA JUNTO
Até o final do ano, estão sendo entregues três mil cestas de alimentos compostas por itens da agricultura familiar, além de nove mil máscaras e 840 litros de álcool em gel às comunidades indígenas mapeadas pela Semjidh. A gestão do Programa RN Chega Junto está sendo feita pela Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social (Sethas), com apoio da Controladoria Geral do Estado, que também gerencia o programa RN + Protegido, para distribuição de máscaras.
A população indígena do Rio Grande do Norte, de acordo com mapeamento feito pela Semjidh, tem cerca de 1.600 famílias cadastradas, totalizando mais de 6 mil pessoas.
Ao todo, são 15 comunidades: Sagi Trabanda e Jacu (Aldeia Potiguara/Baía Formosa); Catu (Potiguara/Canguaretama e Goianinha); Tapará (Tapuia/Macaíba e São Gonçalo do Amarante); Ladeira Grande (Tapuia/Macaiba e São Gonçalo); Lagoa do Mato (Tapuia/Macaiba); Mendonça de Natal (Potiguara/Natal-Zona Norte); Cachoeira (potiguara/Jardim de Angicos); Assentamento Santa Terezinha (Potiguara/João Câmara); Amarelão (Potiguara/João Câmara); Serrote de São Bento (Potiguara/João Câmara); Açucena (Potiguara/João Câmara), Assentamento Marajó (Potiguara/Assu); Caboclos Potiguara/Assu) e Apodi (Tapuia Paiacu/Apodi). Participaram da solenidade o controlador-geral Pedro Lopes; as secretárias Eveline Guerra (Semjidh) e Íris Oliveira (Sethas), o secretário da Educação, Getúlio Marques e a adjunta Márcia Gurgel; o secretário-adjunto da Administração, George Câmara e o presidente da Fundação José Augusto, Crispiniano Neto. Estavam presentes as lideranças indígenas Cacique Dioclécio Mendonça (Amarelão/João Câmara), Cacique Luiz Katu, articulador dos Povos Indígenas do RN (Catu/Canguaretama e Goianinha), Zuleide Bezerra, coordenadora das Mulheres Indígenas do RN (Tapuia Tarairiu/Macaíba e São Gonçalo do Amarante) e Cacique Eva Claudino da Silva (Jacu/Praia do Sagi-Baía Formosa).
*ASSECOM-RN