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14 julho 2023

A queda de todas as bastilhas: Hoje se faz necessário pôr abaixo as bastilhas invisíveis, todavia, de consequências bem palpáveis: espirituais, morais, psicológicas, do sentimento.

Dia 14 de julho. Completam-se 233 anos da Queda da Bastilha, episódio que deflagrou a Revolução Francesa (infelizmente manchada pelo sangue dos guilhotinados), cujas origens remontam aos enciclopedistas, vanguardeiros do iluminismo. Relativo ao tema, selecionei apontamentos meus, ao longo do tempo, de palestras, programas de rádio, TV e de artigos publicados no Brasil e no exterior.

Não tenho pretensão de discutir aspectos históricos ― existem bons livros para isso ―, contudo extrair uma importante analogia sobre quanto ainda é forçoso trilhar a fim de que as populações da Terra deixem ruir de suas mentes e corações a pior de todas as bastilhas: a ignorância acerca da realidade gritante da vida após o fenômeno da morte. Fator decisivo para que a valorização do ser integral (corpo e Espírito) dite as regras dos governos das nações no terceiro milênio: Quando garoto, devia ter 9 para 10 anos, assisti com meu pai, Bruno Simões de Paiva (1911-2000), no Rio de Janeiro, a um filme sobre o 14 de julho.

Nos séculos 17 e 18, o absolutismo monárquico atingira intensa projeção. Como geralmente acontece nas relações cotidianas, se afastadas do respeito ao Espírito Eterno do ser humano, houve por parte da monarquia francesa um descaso tremendo com as necessidades básicas do seu povo, cuja expressão mais grotesca seria a frase atribuída à rainha Maria Antonieta (1755-1793). Ao ser informada por um dos cortesões de que o barulho que a importunava vinha das massas famintas clamando por pão, teria ela debochado: “Por que não comem brioche?”

Tal contingência desumana tinha de desmoronar por força do curso inexorável da História. A população de Paris, em 14 de julho de 1789, desesperada, marchou contra a prisão, símbolo da tirania de que desejava livrar-se.

Abrir caminhos

No filme de que lhes falei há uma cena impressionante. Ela representa as pessoas que não temem abrir caminhos: o povo estava de um lado e aqueles que protegiam a Bastilha, do outro. Entretanto, os que ameaçavam invadi-la, com temor, não avançavam. De repente, um homem destacou-se do meio daquela multidão e atravessou a ponte que cobria o fosso, sendo abatido por uma descarga de tiros. Esse ato de coragem fez com que os demais o imitassem e, assim, conseguissem entrar na fortaleza. Parece perspectiva romântica de um momento trágico, porém retrata de modo irretocável uma verdade: há sempre alguém que se sacrifica pela mudança substancial do status quo. Não é preciso levar bala para que as transformações ocorram. Há outros choques que ferem mais os vanguardeiros, a exemplo da incompreensão, da inveja, do preconceito, da perseguição e do boicote.

Na sequência do longa-metragem, observamos a tomada da prisão, destruída de cima a baixo.

Existem aqueles que, tentando minimizar o fato histórico, apresentam uma argumentação frugal de que o famoso cárcere não mais tinha relevância naquele período, pois apenas uns poucos presos lá se encontravam.

Ora, o que o povo demoliu não só foi a construção de pedra; no entanto, o mais expressivo emblema, para ele, do absolutismo dinástico!

E a palavra dinastia pode, por extensão, significar muita coisa, uma vez que funciona tanto no feudalismo quanto na burguesia, no capitalismo e no próprio comunismo. Dinastia não implica somente a sucessão por sangue. Existe uma pior: a da ambição desmedida que arrasa o ser vivente, sob qualquer regime.

Uma nova civilização

Hoje se faz necessário pôr abaixo as bastilhas invisíveis, todavia de consequências bem palpáveis: espirituais, morais, psicológicas, do sentimento.

Façamos florescer uma civilização nova a partir da postura espiritual e mental elevada de cada criatura. Já dizia um filósofo: “A fronteira mais difícil a ser ultrapassada é a do cérebro humano”.

O homem foi à Lua, observou com seus equipamentos os confins do Universo em que habita, mas ainda não conhece a si mesmo. E descobrir os potenciais que cada um possui para o bem de si próprio e da coletividade é providência certa na construção “do Novo Céu e da Nova Terra”, anunciados por Jesus em Seu Apocalipse (21:1 a 8).

O Templo da Boa Vontade — aclamado pelo povo como uma das Sete Maravilhas de Brasília/DF, Brasil, e que, segundo dados oficiais da Secretaria de Turismo do Distrito Federal (Setur-DF), é o monumento mais visitado da capital do país — convida as criaturas a essa epopeia de empreender uma viagem ao seu próprio interior. Feito isso, sair até mesmo da Via Láctea será facílimo: desde que descubramos o âmago celeste de nosso ser, pois, na verdade, para o Espírito, o espaço não existe.

Assegurou Jesus: “Tudo é possível àquele que crê” (Evangelho, segundo Marcos, 9:23).

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.

28 outubro 2020

Newton, a gota e a Vida Espiritual

No Correio Braziliense, de 10 de fevereiro de 1987, recordei máxima do grande cientista, médico, bacteriologista, epidemiologista e sanitarista brasileiro dr. Oswaldo Cruz (1872-1917), que Alziro Zarur (1914-1979), saudoso fundador da Legião da Boa Vontade, muito citava e nos serve de permanente incentivo também na área do ensino: “Não esmorecer para não desmerecer”.

Eis aí. Simplesmente se trata da educação de superior qualidade, não apenas no campo do intelecto como também naquilo que somos em substância: Espírito. Alguém pode redarguir que a Ciência não provou ainda a realidade da Vida após a morte. No entanto, devemos cogitar sobre o fato de que a gloriosa Ciência, sem a qual não mais conseguiríamos subsistir, é, em termos modernos, muito novinha neste orbe para que alguns dos seus esforçados defensores a entronizem como detentora de toda a Verdade. Ora, seria puro dogmatismo!

Portanto, tudo, menos Ciência. Muito resta a ser investigado. Sir Isaac Newton (1643-1727), que não precisa de apresentação, ponderava: “O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano”.

Diante da admoestação do sábio enunciador da Lei da Gravidade, que foi um corajoso decifrador do Apocalipse, sou levado a refletir quanto à Vida Espiritual, ainda mais tendo em vista o que aquele inglês notável humildemente concluiu: “A mim mesmo pareço ser apenas um menino que brinca à beira da praia, ora a achar uma pedra mais polida ou uma concha mais formosa, enquanto o grande oceano da Verdade se estende, ignoto, diante de mim”.

A Ciência não é um dogma. Razão pela qual o dever de pensar e o comportamento científico imparcial perante a Verdade são atributos do autêntico cientista.

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.

25 outubro 2020

AMOR — FUNDAMENTO DO DIÁLOGO

Paiva Netto
Afirmo há tantos anos e publiquei em Reflexões da Alma (2003): O coração torna-se mais propenso a ouvir quando a Fraternidade é, de fato, o alicerce do diálogo. Razão por que exponho em Jesus, a Dor e origem de Sua Autoridade – O Poder do Cristo em nós (2014) a Divina Grandeza do Amor do Cristo. E um bom diálogo é básico para o exercício da democracia, que é o regime da responsabilidade.
Recorro a um argumento que apresentei, durante palestras sobre o Apocalipse de Jesus para os Simples de Coração, apropriado igualmente aos que porventura pensem que a construção responsável da Paz seja uma impossibilidade: (...) Isso é utopia? Ué?! Tudo o que hoje é visto como progresso foi considerado delirante num passado nem tão remoto assim. (...)
Muito mais se investisse em educação, instrução, cultura e alimentação, iluminadas pela Espiritualidade Superior, melhor saúde teriam os povos; portanto, maior qualificação espiritual, moral, mental e física, para a vida e o trabalho, e menores seriam os gastos com segurança. “Ah! é esforço para muitos anos!” Por isso, não percamos tempo! Senão, as conquistas civilizatórias no mundo, que ameaçam ruir, poderão dar passagem ao contágio da desilusão que atingirá toda a Terra. Não podemos permitir tal conjuntura.
Acima de tudo, há que vigorar a Fraternidade Real, de que falava Alziro Zarur (1914-1979), saudoso fundador da LBV, no seu poema de mesmo nome. Essa Fraternidade é capaz de congregar os adversos e fazer surgir de seus paradoxos saídas para os problemas que estão sufocando a Humanidade, pois, sempre gosto de repetir, realmente há muito que aprender uns com os outros.

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.

27 julho 2020

Persistir na divina missão além do fim

Paiva Netto
“Vós sois a luz do mundo” (Evangelho, consoante Mateus, 5:14), disse o Cristo àqueles que se integraram no que Ele veio trazer, “da parte do Pai”, à Terra.
“Mas Jesus não foi crucificado?”, alguém pode argumentar. Não obstante, respondemos nós, o Senhor Excelso deixou o Seu recado, a Sua mensagem, e, acima de tudo, venceu a morte. Assim, cumpriu a própria determinação expressa em “A Missão dos Setenta Discípulos de Jesus”, constante de Sua Boa Nova, segundo Lucas, 10:10 e 11: “Quando, porém, entrardes numa cidade e não vos receberem, saí pelas ruas e clamai: Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós outros. Não obstante, sabei que está próximo o Reino de Deus”.
Entenderam? Mesmo não tendo sido aceita a Sua palavra pela “cidade”, de forma alguma o Divino Educador ficou sem proclamar o que viera fazer por Vontade do Pai Celestial. Ele persistiu até o fim (e além do fim): “Aquele que perseverar até o fim será salvo” (Evangelho de Jesus, consoante Mateus, 24:13).
O Bom Pastor, pois, demonstrou o exemplo a ser seguido pelos Seus discípulos, custe o que custar. Não cessou de difundir que o Reino de Deus está dentro de nós: “Interrogado sobre quando viria o Reino de Deus, Jesus revelou: Não vem o Reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o Reino de Deus está dentro de vós” (Evangelho de Jesus, segundo Lucas, 17:20 e 21).
E quando usamos a expressão além do fim, é porque bradamos incessantemente: Os mortos não morrem! Escreveu Paulo Apóstolo, na Primeira Epístola aos Coríntios, 15:26: “O último inimigo a ser vencido é a morte”.
E Jesus a venceu, para que nós, em seguida, pudéssemos fazer o mesmo. Alziro Zarur (1914-1979) dizia: “Não há morte em nenhum ponto do Universo”.
Mil e duzentos anos depois do Apóstolo dos Gentios, São Francisco de Assis (aprox. 1181-1226) desvendou o mistério em sua prece notável: “Porque é morrendo que nascemos para a Vida Eterna”.
 
As andorinhas sempre voltam
Entretanto, que ninguém se suicide, pensando que, com esse ato funesto, se livrará da dor que o aflige, ou a aflige, pois acordará no Outro Mundo mais vivo, ou mais viva, do que nunca e com todos os seus problemas amplificados. Fugir do sofrimento é cair repetidas vezes nas mãos dele; portanto, sob o cruel flagelo do “lobo invisível”*, o espírito obsessor, que tem de ser vencido, mas não maltratado, e, assim, redimido pelas ovelhas do Cristo. É bom que nos recordemos constantemente do dito popular imortalizado pelo querido poeta, intérprete e compositor paulista, de Valinhos, Adoniran Barbosa (1910-1982), em sua Saudosa Maloca, gravada por ele, em 1951, e, em outro vinil, pela cantora paulistana Marlene (1922-2014): “Deus dá o frio conforme o cobertor”.
E dá mesmo. É só a gente ser perspicaz e saber, com inteligência, usar o cobertor no “inverno”, até que o “verão” volte. Costumo lembrar-lhes um acertado aforismo de Éliphas Lévi (1810-1875), que conforta os lutadores pelo Bem, os quais firmemente prosseguem, a despeito das piores condições a serem superadas, porque o Sol há de brilhar: “Felizes daqueles que não desanimam nunca e que, nos invernos da vida, esperam as andorinhas em sua volta”.

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com