Os equipamentos serão utilizados por pequenos produtores agrícolas durante o período de um ano, beneficiando inicialmente 150 agricultores familiares do município de Apodi, no Oeste Potiguar. Francisco Edson é um deles. No solo fértil da comunidade rural Baixa Fechada ele planta arroz, feijão e milho para consumo familiar e eventual comercialização; sorgo e capim para alimentar o pequeno rebanho de vacas, ovelhas e galinhas.
“Quero destacar que este é mais um resultado do trabalho do Consórcio Nordeste. Essa iniciativa, voltada para a mecanização da agricultura familiar, começou exatamente na Câmara Técnica da Agricultura Familiar, que coordenamos no âmbito do Consórcio Nordeste. Ao longo desse período, realizamos agendas internacionais na China, visitando a Universidade Agrícola da China, e em parceria com o governo federal, contando com a participação crucial do Ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, e representantes do Ministério da Ciência e Tecnologia”, ressaltou a governadora Fátima Bezerra.
No passado, lembra Edson, o corte da terra era por tração animal, um “boi manso” puxando capinadeira; de uns tempos para cá, alugando tratores a R$ 180 a hora trabalhada. “Muito caro, chegou a R$ 200, mas agora a coisa vai melhorar”, diz o agricultor.
De acordo com o último Censo Agropecuário realizado pelo IBGE, a agricultura familiar é a base da economia de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil habitantes. São mais de 10 milhões de pessoas ocupadas no campo, de onde tiram o sustento. Cerca de 50% dos estabelecimentos estão no Nordeste. No entanto, menos de 3% têm acesso a máquinas.
“Precisamos preencher essa lacuna. E essa parceria é um passo concreto nesse sentido, um processo gerado por muitas conversas, viagens, negociações, parcerias e que começa hoje, concretamente, aqui em Apodi”, disse a governadora.
Fátima destacou o pioneirismo do Rio Grande do Norte com a iniciativa, que busca também atrair investimentos de empresas chinesas para o Nordeste. “Essa parceria é de fundamental importância não só pela transferência de tecnologia que ela proporcionará, mas por outros aspectos positivos, como maior produção de alimentos saudáveis, a ampliação do emprego e a geração de renda. O que estamos celebrando hoje é apenas o começo de uma parceria entre Brasil e China, através do Consórcio Nordeste, com foco em fortalecer a mecanização da agricultura familiar na região Nordeste”, pontuou.
A agricultura familiar é responsável, hoje, por mais de 70% dos alimentos consumidos no Brasil, sendo que a agricultura familiar do Nordeste contribui com mais de 50% dessa produção.
Para o embaixador da China no Brasil, a agricultura familiar na China tem amplo espaço para cooperação com o Brasil. “Nossas cooperações estão se expandindo, abrangendo comércio, investimento e também se estendendo para a área social. Além da cooperação econômica, incluímos ciência, tecnologia, inovação e enfrentamento das mudanças climáticas, bem como a economia digital. Vamos unir esforços para criar um novo fenômeno nas cooperações entre China e Brasil, visando beneficiar todas as regiões e camadas sociais”, disse Zhu Qingqiao.
Para o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, as máquinas vêm para industrializar o Nordeste, aumentar a renda das agricultoras e agricultores familiares, para modernizar a agricultura e assim desenvolver ainda mais a região: “Fizemos um convênio com o Instituto Federal do Rio Grande do Norte [IFRN] para esse programa de mecanização e de treinamento para os agricultores e agricultoras. Quero parabenizar o secretário Alexandre Lima, do Rio Grande do Norte, junto com ele Fátima Bezerra, e também João Pedro Stédile por terem insistido nesse programa. Estamos aqui com trinta máquinas para a agricultura familiar, para aumentar o número de agricultoras e agricultores familiares que tenham máquinas do tamanho da sua propriedade e da sua necessidade. Nós queremos industrializar o Nordeste e descentralizar a indústria brasileira”, comemora o ministro.
João Pedro Stédile, da Coordenação Nacional do MST, que acompanhou as tratativas com o governo chinês para trazer o maquinário para o Brasil, disse que “os chineses têm um compromisso conosco de implantar no Brasil fábricas de equipamentos de interesse da Agricultura Familiar, e uma delas é em Mossoró”. O vice-governador Walter Alves lembrou que as obras da transposição no Rio Grande do Norte fundamentais para a segurança hídrica do Estado e também para a agricultura famili
Coordenador da Câmara Técnica da Agricultura Familiar no Consórcio Nordeste, Alexandre Lima considera a consolidação da parceria com os chineses um marco histórico para o Rio Grande do Norte e para o Nordeste. “Proporcionará, acima de tudo, uma ampliação dos níveis de tecnificação da agricultura familiar, ampliação da produção de alimentos saudáveis e a inclusão da juventude e das mulheres no processo produtivo. Este é um compromisso do governo do Estado.”
Em setembro do ano passado, a CAU e a UnB – Universidade de Brasília – assinaram memorando de entendimento para a construção do Centro Brasil-China de Pesquisa, Desenvolvimento e Promoção de Tecnologia em Mecanização para Agricultura Familiar.
Também participam da solenidade Inácio Arruda, secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social (SEDES) do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação; Márcio Elias, secretário Executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços; João Pedro Stédile, da Coordenação Nacional do MST; Josana Lima, coordenadora da CONTRAF Brasil; Aristides Veras, presidente da CONTAG; o vice-governador Walter Alves; Alan Silveira, prefeito de Apodi; a deputada Isolda Dantas, representado a Assembleia Legislativa; Agnaldo Fernandes, presidente do Sindicato dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais de Apodi; Luiz Barcelos, sócio fundador da Agrícola Famosa; prefeitos e vereadores da região; representes de empresas e de universidades chinesas participantes do projeto; militantes do MST e do Movimento das Mulheres.
*Blog do Barreto