Valléria era comerciária em Caicó, estava na mesma empresa há pouco mais de 7 anos, trabalhava na parte de vendas em loja de modas, e decidiu botar em prática o sonho de crescer profissionalmente, para isso precisou convencer a família… esposo, mãe e irmãos. “Perdi meu pai há 14 anos, era ele quem nos segurava financeiramente, trabalhava com ele e recebia por isso, foi um choque sua partida”, disse a jovem, visivelmente emocionada.
Há época da morte do pai, Valléria não tinha completos os 16 anos de idade. “Uma dor irreparável, era meu patrão, professor e pai… tudo para mim! Mas criei forças e me encorajei a enfrentar o mundo, daí fui para o comércio, onde fiquei por muitos anos, e no início de 2019 resolvi chutar o pau da barraca e a partir dali somente estudar, apenas isso, concentrando todas as forças que tinha, e para isso precisei da compreensão da família”, disse, encorajada, Valléria.
Com o curso Técnico em Radiologia”, Valléria viu na área a porta de entrada para a Marinha do Brasil, que exige provas objetivas de Conhecimentos Profissionais e uma Redação, o que a levou dedicar 2 anos de estudos para concorrer ao certame. “Nesses dois anos eu não tinha dinheiro para nada, era minha mãe, irmãos e esposo quem me bancavam, lembro-me que ano passado chorei muito no meu aniversário, pois não tinha sequer 15 reais para comprar um simples bolo”, narrou a Marinheira.Valléria tentou a Marinha por duas vezes seguidas, mas só obteve êxito na segunda vez. “Não tomei como uma derrota, pelo contrário, chorei muito quando vi que não tinha passado, mas logo me voltei aos livros para conseguir meu objetivo, e graças a Deus, em outubro do ano passado, recebi a boa notícia, fui aprovada e classificada, não escondi as lágrimas, em dezembro comecei o curso. Todo meu esforço dedico ao meu pai, sei que está feliz por isso”, finalizou Valléria, que agora é Cabo da Marinha do Brasil.