É algo muito divino. Eu não sei explicar. Não se explica Deus”. A frase é da funcionária pública, Ana Andreia, que é enfermeira do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e da Central de Regulação do Município de Mossoró no Rio Grande do Norte.
Ela, que conversou com o blog alguns dias atrás, foi uma das primeiras pacientes de Mossoró a apresentar quadro grave de Covid-19. Longe de ser uma razão para minimizar o isolamento social ou a gravidade da doença, a notícia traz a reflexão sobre histórias de luta.
Para chegar à classificação de ‘recuperados’, muitos pacientes enfrentaram um tratamento agressivo, solitário e que, mesmo sendo concluído, ainda impõe desafios.
Ana Andreia contou que os primeiros sintomas começaram no dia 15 de março. Dois dias depois o quadro foi se complicando. Como na época os casos de contágio eram mais entre pessoas que viajaram e ela não havia viajado, suspeitou que estivesse com H1N1. Em seis dias o quadro de saúde já havia se agravado e ao mostrar um raio-x a um amigo, ele orientou que ela realizasse uma tomografia. Na noite dessa mesma data, ela procurou um hospital. Lá, foi colocada no oxigênio e já foi informada de que ficaria em isolamento. A tomografia que realizou apontou uma pneumonia intensa, sugestiva para H1N1 e Covid-19.
A enfermeira contou que foi informada que teria que ir para um leito de UTI, mas como, na época, o hospital em que foi atendida ainda não tinha UTI, foi encaminhada para Fortaleza. A família não pôde acompanhá-la, mesmo que a irmã quisesse muito estar presente.
Na capital cearense, Ana Andreia passou dois dias na Unidade de Terapia Intensiva e depois foi para um apartamento, onde ficou isolada. Os resultados dos exames só chegaram até Andreia quando ela já estava internada. Ela não chegou a ser entubada, mas enfrentou a agressividade da doença.
“Foi doloroso, porque era eu sozinha. Até então, era muito incerto. Para a gente foi um boom, porque eu fui a primeira paciente muito grave”, relembrou.
O período foi marcado por reflexões, e medo. Mas a enfermeira conta que tentou trabalhar o psicológico. “Para mim, o maior trauma era a solidão, o isolamento. Mas que deu para trabalhar a parte espiritual, me voltar totalmente para Deus, pedir para me tirar daquilo e eu fui atendida”, disse.
Orações dos amigos e a fé ajudaram durante o tratamento
As orações dos amigos também ajudaram bastante e, durante o período sozinha no hospital Ana Andreia conta que ela, que não era uma pessoa muito religiosa, desenvolveu um vínculo com Deus. “Eu precisava me aproximar de Deus”, disse.
“Isso me fez me aproximar mais de Deus”, reforçou. “Hoje o meu alimento é procurar Deus”, acrescentou.
Durante o tempo de internação, ela também reviu prioridades e disse que está dando mais valor às pequenas coisas. “Eu estava vivendo em função do trabalho e esquecendo a minha vida, a minha saúde”, contou. “Isso fez com que eu reavaliasse tudo. Esse momento de isolamento no hospital eu reavaliei tudo. O perdão, a aproximação da família”, complementou.
Em 3 de abril, Ana Andreia teve sua alta anunciada, sob o compromisso de que daria continuidade à fisioterapia para melhorar a respiração. “É uma alegria imensa você chegar na sua cidade”, lembrou.
Ao chegar em Mossoró, um novo período de isolamento, cumprindo todas as recomendações médicas. Concluído esse período, Ana Andreia retomou o trabalho, mas em outra função, porque o tratamento exigiu muito do organismo. Para se ter uma ideia, 60 dias depois dos primeiros sintomas, quando conversou com o blog, Ana Andreia ainda sentia um pouco de cansaço.
Mas ela contou que, de volta à rotina, o que a deixava triste e com o emocional abalado era o medo que algumas pessoas sentiam de estar na sua presença. Para Ana Andreia, o vírus tanto une as pessoas quanto afasta.
Ana Andreia segue, valorizando os detalhes. “Eu estou tentando viver e curtir a minha casa, coisa que eu não curtia antes”, disse. “Hoje eu estou valorizando o estar dentro de casa e eu estou achando maravilhoso e estou valorizando mais a Deus”, acrescentou.
Isolamento social
A enfermeira também deixa o alerta para que as pessoas cumpram o isolamento social. “Estamos em momento ainda de guerra, meus colegas estão em frente de batalha”, diz ela.
*Bruno Barreto
Ela, que conversou com o blog alguns dias atrás, foi uma das primeiras pacientes de Mossoró a apresentar quadro grave de Covid-19. Longe de ser uma razão para minimizar o isolamento social ou a gravidade da doença, a notícia traz a reflexão sobre histórias de luta.
Para chegar à classificação de ‘recuperados’, muitos pacientes enfrentaram um tratamento agressivo, solitário e que, mesmo sendo concluído, ainda impõe desafios.
Ana Andreia contou que os primeiros sintomas começaram no dia 15 de março. Dois dias depois o quadro foi se complicando. Como na época os casos de contágio eram mais entre pessoas que viajaram e ela não havia viajado, suspeitou que estivesse com H1N1. Em seis dias o quadro de saúde já havia se agravado e ao mostrar um raio-x a um amigo, ele orientou que ela realizasse uma tomografia. Na noite dessa mesma data, ela procurou um hospital. Lá, foi colocada no oxigênio e já foi informada de que ficaria em isolamento. A tomografia que realizou apontou uma pneumonia intensa, sugestiva para H1N1 e Covid-19.
A enfermeira contou que foi informada que teria que ir para um leito de UTI, mas como, na época, o hospital em que foi atendida ainda não tinha UTI, foi encaminhada para Fortaleza. A família não pôde acompanhá-la, mesmo que a irmã quisesse muito estar presente.
Na capital cearense, Ana Andreia passou dois dias na Unidade de Terapia Intensiva e depois foi para um apartamento, onde ficou isolada. Os resultados dos exames só chegaram até Andreia quando ela já estava internada. Ela não chegou a ser entubada, mas enfrentou a agressividade da doença.
“Foi doloroso, porque era eu sozinha. Até então, era muito incerto. Para a gente foi um boom, porque eu fui a primeira paciente muito grave”, relembrou.
O período foi marcado por reflexões, e medo. Mas a enfermeira conta que tentou trabalhar o psicológico. “Para mim, o maior trauma era a solidão, o isolamento. Mas que deu para trabalhar a parte espiritual, me voltar totalmente para Deus, pedir para me tirar daquilo e eu fui atendida”, disse.
Orações dos amigos e a fé ajudaram durante o tratamento
As orações dos amigos também ajudaram bastante e, durante o período sozinha no hospital Ana Andreia conta que ela, que não era uma pessoa muito religiosa, desenvolveu um vínculo com Deus. “Eu precisava me aproximar de Deus”, disse.
“Isso me fez me aproximar mais de Deus”, reforçou. “Hoje o meu alimento é procurar Deus”, acrescentou.
Durante o tempo de internação, ela também reviu prioridades e disse que está dando mais valor às pequenas coisas. “Eu estava vivendo em função do trabalho e esquecendo a minha vida, a minha saúde”, contou. “Isso fez com que eu reavaliasse tudo. Esse momento de isolamento no hospital eu reavaliei tudo. O perdão, a aproximação da família”, complementou.
Em 3 de abril, Ana Andreia teve sua alta anunciada, sob o compromisso de que daria continuidade à fisioterapia para melhorar a respiração. “É uma alegria imensa você chegar na sua cidade”, lembrou.
Ao chegar em Mossoró, um novo período de isolamento, cumprindo todas as recomendações médicas. Concluído esse período, Ana Andreia retomou o trabalho, mas em outra função, porque o tratamento exigiu muito do organismo. Para se ter uma ideia, 60 dias depois dos primeiros sintomas, quando conversou com o blog, Ana Andreia ainda sentia um pouco de cansaço.
Mas ela contou que, de volta à rotina, o que a deixava triste e com o emocional abalado era o medo que algumas pessoas sentiam de estar na sua presença. Para Ana Andreia, o vírus tanto une as pessoas quanto afasta.
Ana Andreia segue, valorizando os detalhes. “Eu estou tentando viver e curtir a minha casa, coisa que eu não curtia antes”, disse. “Hoje eu estou valorizando o estar dentro de casa e eu estou achando maravilhoso e estou valorizando mais a Deus”, acrescentou.
Isolamento social
A enfermeira também deixa o alerta para que as pessoas cumpram o isolamento social. “Estamos em momento ainda de guerra, meus colegas estão em frente de batalha”, diz ela.
*Bruno Barreto