Como era o cenário das artes plásticas em Natal nos primeiros anos do Século XX, antes de Newton Navarro, Dorian Gray Caldas e Ivon Rodrigues demarcarem o modernismo local? Entre os adeptos das belas artes, artistas, salões e escolas da época, um deles se destacava Moura Rabello, nome que retratou inúmeras personalidades da cidade com a maestria dos grandes retratistas.
Nascido em Natal no final do século XIX, o artista acaba de ganhar um olhar sobre sua obra e história graças a uma pesquisa da professora Isaura Amélia Rosado Maia, transformada no livro “Moura Rabello: precursor da arte potiguar”, que será lançado dia 29 de julho, na Academia Norte-Rio-Grandense de Letras.
A programação começa às 18h com a exposição “Rabello em Vários Ângulos”, reunindo 14 obras do pintor sob a curadoria do colecionador de arte e promotor Manoel Onofre Neto, Dione Caldas e o colecionador Nildo, além de um bate-papo sobre o artista com participação da sua filha Marlene Rabello com o tema: “Meu Pai”.
Antônio Marques também falará sobre o homenageado, Iaperi Araújo sobre Rabello e o seu lado escritor, Joventina Simões sobre o acervo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN) e Isaura Amélia sobre “A Imprensa”. Logo após acontecerá a sessão de lançamento do livro.
Isaura Amélia parte de depoimentos da filha mais nova de Moura, Marlene Rabello, hoje com 90 anos e dona de uma lucidez surpreendente e de memória invejável. Também fez uma vasta pesquisa na imprensa local que já registra Moura Rabello pintando em 1913.
Segundo Isaura, a Escola Elementar de Belas Artes e o Primeiro Salão de Artes Plásticas instituídos por decreto são iniciativas que atestam o vigor do movimento cultural do período. “Aliás, uma organização de dar inveja aos dias de hoje. No cerne deste movimento estava Moura Rabello. Um retratista dos bons, principalmente no uso do crayon e óleo. Rabello deixou uma considerável obra”, conta.
Moura Rabello fiou conhecido pelos retratos que fazia sob encomenda a partir de fotografias. Cobrava 30 mil reis por retrato e durante muitos anos foi sua fonte de renda. Nos anos 30 o filho Genival Rabelo saía vendendo cópias do quadro de Pe. João Maria no Alecrim para sobreviver.
Em seu trabalho, Isaura conversou com críticos de arte como Antônio Marques, que ressaltou em Rabello um virtuose na técnica do crayon sobre cartão. “É o mais significativo da sua produção, a maestria da sua obra”. Para a pesquisa, a autora localizou mais de 50 retratos de autoria de Moura Rabello. Outros 10 ainda não se tem o paradeiro. Parte deste acervo pertence ao Instituto Histórico e Geográfico do RN, que são 18 trabalhos encomendados pelo Governador Antônio de Sousa, o Polycarpo Feitosa, para celebrar o primeiro centenário da Independência.
Parte de sua obra foi doada pelo artista ao Governo do RN e se encontra no salão nobre da Pinacoteca Potiguar: Augusto Severo e seu mecânico Sacht, 1963, óleo sobre tela, tombado sob o número 0342. Vaqueiro, 1944, óleo sobre tela. O retrato de Amaro Cavalcante, de 1937, óleo sobre tela. Também existe na Pinacoteca o trabalho de Raymilson de Moura Rabello (filho), de 1929, que retrata o pai. Do acervo de Jardelino Lucena e da artista plástica Ana Amélia está o quadro do Padre João Maria, provavelmente o mais antigo, talvez de 1913.
Já na coleção de Manoel Onofre Neto estão as figuras Padre João Maria a Caminho da Caridade e o retrato do filho Raymilson.
SERVIÇO:
MOSTRA Moura Rabello sob vários ângulos
(Dia 29, 18h, na Academia Norte-Rio-Grandense de Letras)
18:30h – CONVERSAS
Mesa redonda sobre a vida e a obra de Moura Rabello
O Pai: Marlene Rabello
O Artista: Antonio Marques
O Escritor: Iaperi ARAUJO
O Acervo do IHGRN: Joventina Simões
A Imprensa: Isaura Amélia
19:30h
Lançamento do livro MOURA RABELLO precursor da arte potiguar de autoria da Professora Isaura Amélia Rosado Maia.
*Difusora de Mossoró