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09 março 2024

Oito em cada 10 mulheres vivem dupla jornada de trabalho com afazeres domésticos e cuidados, diz pesquisa

Uma pesquisa realizada pelo Infojobs e antecipada ao g1 apontou que 83% das mulheres afirmaram que vivenciam a dupla jornada de trabalho, com a realização de atividades domésticas e serviços de cuidado com crianças e familiares idosos.

Desse total, 45% dizem não contar com uma rede de apoio ou com a ajuda de parceiros. A pesquisa foi feita entre fevereiro e março deste ano, com a participação de 742 pessoas que se identificam com o gênero feminino, de 18 a 60 anos.

O cenário reflete bem as condições de vida da população feminina brasileira e são corroborados até pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo os dados mais recentes do instituto, por exemplo, das quase 7 milhões de mulheres entre 15 e 29 anos não estudavam nem estavam ocupadas em 2022, 36,5% afirmaram que não buscaram trabalho porque precisavam cuidar dos afazeres domésticos ou tomar conta de parentes.

Veja nesta reportagem outros dados sobre o cenário das mulheres no mercado de trabalho:

Processo Seletivo
Ainda segundo a pesquisa do Infojobs, apesar da evolução em comparação a 2023 (78%), sete em cada 10 mulheres ainda acreditam que já perderam alguma oportunidade de emprego apenas por causa do seu gênero.

Nesse cenário, 58% também dizem que já enfrentaram situações invasivas ou subjetivas durante um processo seletivo, com perguntas ou situações cujo foco não era apenas suas habilidades profissionais.

De acordo com o levantamento, pelo menos 77% das participantes inseridas no mercado de trabalho acreditam que homens e mulheres não possuem as mesmas oportunidades de crescimento dentro das empresas, sendo que pelo menos 80% das respondentes nunca trabalharam em uma empresa com programas voltados para a contratação ou o desenvolvimento das mulheres.

Entre as respostas dadas pelas mulheres sobre os principais desafios enfrentados no mercado de trabalho estão:
  • 27% – conquistar uma oportunidade de emprego;
  • 26% – dificuldade para conquistar reconhecimento e crescer profissionalmente;
  • 18% – machismo presente na cultura das empresas;
  • 16% – dificuldade para conciliar a vida profissional com a pessoal;
  • 13% – não enfrentam grandes dificuldades.
Ainda nesse cenário, 69% também afirmaram que já passaram por uma situação no mercado em que sua credibilidade foi questionada apenas por serem mulheres.

Sobre lideranças femininas, 42% das respondentes disseram que nunca trabalharam respondendo a uma mulher na alta gestão — 60% nunca tiveram empregos em lugares com uma quantidade maior de mulheres na liderança do que de homens.

Além disso, 78% também acreditam que normalmente é necessário que uma mulher precise mostrar mais qualificações para assumir cargos de liderança do que os homens.

No âmbito de diversidade, 62% dizem que nunca trabalharam com uma mulher trans.
Desigualdade salarial

Outro ponto abordado pelo levantamento diz respeito às oportunidades de salário para mulheres no mercado de trabalho.

Nesse quesito, 88% das participantes afirmaram que existe uma desigualdade salarial entre homens e mulheres no mercado de trabalho — sendo que mais da metade (54%) das respondentes afirmaram que já chegaram a receber uma remuneração menor do que a de um homem que exercia a mesma função.

Esses dados também vão de encontro ao levantamento divulgado hoje pelo IBGE, que aponta que as mulheres ainda ganham 21% menos do que os homens no Brasil – mesmo sendo mais escolarizadas.
Maternidade

Ainda segundo a pesquisa, 86% das mulheres acreditam que o tema de licença maternidade é visto de forma negativa no mercado de trabalho. Nesse sentido, 87% afirmam que a intensificação da licença paternidade seria um passo importante para acabar com esse preconceito.

Na amostra do levantamento, 52% são mães ou responsáveis pelos cuidados de alguma criança.

Desse total 74% dizem que já deixaram ou pelo menos pensaram em deixar o trabalho de lado para cuidar dos filhos, enquanto 41% afirmaram que tiveram receio de contar aos seus superiores diretos sobre a gravides.

Além disso, 43% contaram que sofreram algum preconceito ou descredibilização durante ou após a gestação.

Assédio ou preconceito
Por fim, outro ponto abordado pelo estudo diz respeito aos assédios e preconceitos sofridos pelas mulheres em seu ambiente de trabalho. De acordo com os dados, pelo menos 65% das respondentes afirmaram que já sofreram com isso durante suas experiências profissionais.

Desse total 65% relataram que a abordagem partiu de superiores.

Quando essa situação ocorreu, a maior parte das participantes (45%) afirmou que teve receio de reportar e acabou omitindo a situação. Outras 16% afirmaram que chegaram a pedir demissão e apenas 5% levaram o ocorrido para o departamento de recursos humanos (RH). Veja abaixo:
  • 45% – teve receio e omitiu a situação;
  • 23% – pode se posicionar no mesmo momento
  • 16% – pediu demissão
  • 11% – reportou aos superiores depois
  • 5% – comunicou ao RH.
*Fonte: G1/98 FM de Natal

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