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06 novembro 2022

Relatório da ONU aponta que intervalo entre 2015 e 2022 pode se tornar o mais quente da história

O período entre 2015 e 2022 caminha para ser o intervalo de oito mais quente já registrado na história, frente a concentrações cada vez maiores de gases de efeito estufa e calor acumulado, diz o relatório provisório sobre o estado do clima global de 2022, da Organização Meteorológica Mundial (OMM). A entidade é ligada à Organização das Nações Unidas (ONU).

O documento, divulgado neste domingo (6), data de abertura da 27ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), no Egito, aponta que as concentrações dos principais gases de efeito estufa –dióxido de carbono, metano e óxido nitroso– mais uma vez atingiram níveis recordes em 2021, sendo que o aumento anual da concentração de metano foi o maior já registrado. Além disso, dados das primeiras estações indicam que continuam a aumentar em 2022.

As ondas de calor extremas, secas e inundações devastadoras afetaram milhões e custaram bilhões em 2022, indica o relatório.

No Reino Unido, a temperatura ultrapassou os 40º pela primeira vez. No Paquistão, chuvas recordes levaram 1.700 pessoas à morte e 7,9 milhões foram deslocadas de forma forçada, chegando a 33 milhões de indivíduos afetados. Na África Ocidental, a seca mais longa em 40 anos agravou a situação de insegurança alimentar de quase 20 milhões de pessoas.
Aumento do nível do mar dobrou desde 1993

O relatório aponta que os impactos das mudanças climáticas estão se tornando mais dramáticos. O material informa que a taxa de aumento do nível do mar dobrou desde 1993. Os últimos dois anos e meio sozinhos são responsáveis ​​por 10% do aumento geral do nível do mar desde que as medições por satélite começaram, há quase 30 anos.

Em 2022, a camada de gelo da Groenlândia perdeu massa pelo 26º ano consecutivo e choveu –ao invés de nevar– pela primeira vez no mês de setembro. Na Suíça, 6% do volume das geleiras foi perdido entre 2021 e 2022, de acordo com as medições iniciais.

Há indicações iniciais de derretimento recorde nas geleiras dos Alpes europeus no ano, com perdas médias de espessura entre 3 e mais de 4 metros medidas em todos os Alpes, consideravelmente mais do que no ano recorde anterior, de 2003, segundo o documento.

De acordo com o documento, 2022 será “apenas” o quinto ou sexto ano mais quente –apesar de um raro Lá Niña, que provocou resfriamento, ter contribuído para manter a temperatura relativamente baixa.

Atualmente, a temperatura média global em 2022 é estimada em cerca de 1,15º [1,02º a 1,28°] acima da média pré-industrial (1850-1900), segundo estimativa do Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Em comparação, a média de dez anos para o período 2013-2022 é estimada em 1,14º [de 1,02º a 1,27] acima da base pré-industrial. De 2011 a 2020, a média foi de 1,09° acima da registrada entre 1850 e 1900.

O calor do oceano atingiu níveis recordes em 2021 (o último ano avaliado), com a taxa de aquecimento particularmente alta nos últimos 20 anos –os mares armazenam cerca de 90% do calor acumulado das emissões humanas de gases de efeito estufa e 55% da superfície do oceano experimentou pelo menos uma onda de calor marinha em 2022.
População global sente mudanças

As mudanças climáticas têm levado a catástrofe a diversas partes do globo, segundo a OMM. Na África Oriental, as chuvas ficaram abaixo da média em quatro estações chuvosas consecutivas, a mais longa em 40 anos, com indicações de que a estação atual também pode ser seca.

Com a seca persistente e outros fatores agravantes, estima-se que 18,4 a 19,3 milhões de pessoas enfrentaram “crise” alimentar ou níveis piores de insegurança alimentar aguda antes de junho de 2022, diz o relatório. As agências humanitárias alertam que outra temporada abaixo da média provavelmente resultará em colheita fracassada e agravando a insegurança alimentar no Quênia, Somália e Etiópia.

A região da África Austral foi atingida por uma série de ciclones ao longo de dois meses no início do ano, atingindo Madagascar com mais força com chuvas torrenciais e inundações devastadoras. Em setembro, o furacão Ian causou grandes danos e perda de vidas em Cuba e no sudoeste da Flórida, nos Estados Unidos.

Chuvas recordes em julho e agosto levaram a grandes inundações no Paquistão, afetando 33 milhões de pessoas, e ocorridas logo após uma onda de calor extrema em março e abril na Índia e no Paquistão.

A China teve a onda de calor mais extensa e duradoura desde o início dos registros nacionais e o segundo verão mais seco já registrado. O rio Yangtze em Wuhan atingiu seu nível mais baixo registrado em agosto.

Grandes partes da Europa sufocaram em repetidos episódios de calor extremo. O Reino Unido registrou um novo recorde nacional em 19 de julho, quando a temperatura ultrapassou os 40°C pela primeira vez. Isso foi acompanhado por uma seca e incêndios florestais persistentes e prejudiciais. Os rios europeus, incluindo o Reno, o Loire e o Danúbio, caíram para níveis criticamente baixos.

“O clima cada vez mais extremo torna mais importante do que nunca garantir que todos na Terra tenham acesso a alertas precoces que salvam vidas”, diz Petteri Taalas, da OMM.

*Fonte: CNN

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