Não existe projeto de desenvolvimento do Apodi para concorrer nas eleições de 2024, INFELIZMENTE, e a maior parte dos apodienses ou desconhece, finge que não é com ela, ou até “se faz de besta pra melhor passar”, como dizia a minha mãe. Mais um ano eleitoral se aproxima, mais uma campanha para prefeito(a) de Apodi já começa antes do tempo e da pior forma. Há tempos queria escrever sobre algo em relação a Apodi, onde nasci, onde tenho amigos, irmãos, terra que quero tanto bem, mas a correria com os inúmeros afazeres dentro da minha função de artista acabou retardando um pouco.
Mas acho vergonhoso a gente chegar nesse momento com os postulantes a candidatos ao Palácio Francisco Pinto se distanciando de qualquer discussão sobre o futuro de Apodi, e se resumindo a fotografias pelas redes sociais, em churrascos, em partidas de futebol, em velório, enterro, em bar, à sombra dos padrinhos e madrinhas da política, num cenário PATÉTICO, onde qualquer pessoa em sã consciência ao invés de participar disso ajudaria a construir um outro modelo, sem ser conivente com essa grande patacoada (segundo o Aurélio - ação ilógica, disparate, tolice). Ao mesmo tempo que escrevo desta maneira, contundente, forte, registro meu respeito sincero a essas pessoas, e o desejo genuíno de podermos pensar e refletir sobre isso, profundamente.
Com a diversidade de riquezas que Apodi tem nas quatro regiões o município não merece passar mais quatro, oito, doze, dezesseis anos sem um projeto de desenvolvimento que pense em médio e longo prazos, apenas com o compromisso dos próximos quatro anos, que é o tempo da próxima eleição. Há um projeto de poder e não de desenvolvimento. Como pensar uma Apodi para as futuras gerações? A resposta dessa pergunta não pode ser encontrada no formato adotado pelos nossos futuros candidatos que ora desfilam pelas redes sociais. Ações isoladas, mesmo que importantes para a vida da população, não significam projeto de desenvolvimento, mas como eu disse, são ações soltas. Um projeto de desenvolvimento deve incluir a preocupação com a Apodi que queremos daqui a trinta anos, e que até hoje ninguém fez, e isso não significa que não tivemos prefeito(a)s que desenvolveram ações importantes para o município. Por exemplo: construir uma UBS numa comunidade rural de Apodi é algo importantíssimo, mesmo que de forma solta, mas é mais importante ainda, e terá uma eficiência maior, se acontecer dentro de um projeto pensado, a partir das necessidades do município, como um todo, levando em consideração as quatro regiões (Areia, Pedra, Vale e Chapada). Não dá para falar em projeto quando alguém resolve, por bondade ou qualquer outro interesse, fazer uma escola em tal lugar. Isso deve ser previsto dentro de um projeto, com objetivos, metas a serem cumpridas, independente do gestor que ocupe a cadeira. Ainda não tivemos a oportunidade de ter esse debate em Apodi, até pela forma em que nosso povo encara a política, apaixonada, sem comprometimento em fazer análise do que acontece.
Antes que algum “sabido” venha dizer que a campanha ainda não começou e por isso os pretensos candidatos não podem isso ou aquilo, quero dizer que não se trata disso, mas de se debater, como cidadão, os problemas que Apodi enfrenta há décadas e propor soluções. Não é campanha o que estou cobrando, é um debate sério sobre o futuro de Apodi: não vai surgir ninguém, ou nenhum dos que aí estão vai assumir uma outra postura, que pense além dos quatro anos e que possa propor um projeto de despoluição de nossa lagoa? Vamos ficar assistindo as discussões dos coronéis e nosso estado (os velhos e os novos com pensamento velho) programando levar a água da Barragem de Santa Cruz para matar a sede de Mossoró e sequer ter coragem de perguntar por um projeto que contemple primeiro o uso dessa água pelo apodiense? E a utilização da água que o apodiense tanto se arvora em dizer que em nossa terra “jumento toma banho com água mineral”, será sempre assim de forma irracional, como o modelo atual, seguindo a vontade das grandes empresas instaladas em nosso chão? E a nossa cultura, uma das mais ricas do estado, o berço da cultura potiguar, vamos ficar subservientes assistindo e assinando que Mossoró é capital cultural do estado, ajudando a forjar os mitos e apagar nossas verdades? Quem vai propor sairmos desse clientelismo político, de colocar o pobre sempre necessitado de uma bondade de um vereador ou prefeito, ou pior ainda, de um atravessador entre ele e o político? Quem tem coragem para isso, gente?! E aqui há um desejo sincero de que o(a)s futuro(a)s candidato(a)s possam enfeitar menos, deixar de vender fantasia pelas redes sociais e propor ideias pra gente dialogar sobre o nosso Apodi.
Tem um trabalho muito bonito e cheio de valor, feito por jovens da Escola Estadual Sebastião Gomes de Oliveira, localizada no distrito de Melancias que eu sugiro circular pelas escolas, praças, sindicatos e associações de Apodi. É um espetáculo de teatro, escrito e dirigido por duas jovens alunas, coordenadas pelo querido e bravo Professor Dehon. O espetáculo se apresentou no FESTUERN, em Mossoró, e aborda, entre muitos temas importantes, principalmente, a problemática causada pela política apodiense, centrada no favor, no clientelismo, no oportunismo, na festa… A apresentação deste trabalho por todos os lugares de Apodi se tornaria um instrumento importante para a conscientização das pessoas. Professores e professoras, façam convites ao grupo da escola de Melancias. É um trabalho de consciência e acontece de forma muito inteligente e divertida.
O motivo dessa postagem não é ofender nenhum de nossos apodienses que querem chegar à Prefeitura não, mas mostrar que tem gente que não se contenta com esta forma vazia em que se mostram pela internet, e quer ver alguém que eleve o nível disso tudo, que mostre conhecimento sobre os problemas de Apodi, que seja responsável com o que diz, criterioso com as alianças, e não deixe o povo em segundo plano, querendo mostrar quem tem o melhor padrinho político ou quem tira foto com o dono do bar, quem pega o melhor lugar ao lado do chefão ou chefona na foto. Isso não é normal, apesar de parecer.
Como apodiense, pensando em contribuir com o debate, abordarei algumas pautas, alguns problemas, para, dentro do lugar que ocupamos, de pessoa que gosta de Apodi, refletirmos soluções. Quem sabe possamos contribuir com nosso(a)s postulantes e com isso sairmos da fantasia que está sendo vendida pelas redes sociais. Quem sabe!?
Até próxima semana.
Abraços e há braços!
Dionízio do Apodi
PS: A imagem é da primeira tela pintada no Rio Grande do Norte, "A Morte do Padre Felipe Bourel", de autoria desconhecida, de 1709, em Apodi. O quadro original está no Rio de Janeiro, no Museu Nacional de Belas Artes.
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