É o que afirma a American Stroke Association, que divulgou nesta semana suas novas diretrizes clínicas sobre o tema em uma década.
A “Diretriz 2024 para a Prevenção Primária de AVC”, publicada no periódico Stroke e substituta da versão de 2014, concentra-se na identificação e no gerenciamento de fatores de risco, especialmente para mulheres, e destaca comportamentos saudáveis que podem reduzir as chances de AVC.
“A maneira mais eficaz de reduzir a ocorrência de derrame e morte é prevenir o primeiro derrame — conhecido como prevenção primária”, diz a presidente do grupo de redação das diretrizes, Cheryl D. Bushnell, em um comunicado à imprensa.
“Algumas populações têm um risco elevado de derrame, seja devido à genética, estilo de vida, fatores biológicos e/ou determinantes sociais da saúde e, em alguns casos, as pessoas não recebem triagem adequada para identificar seu risco.”
O que é um acidente vascular cerebral?
Um AVC é o que acontece quando um vaso sanguíneo se rompe ou é bloqueado por um coágulo, interrompendo o fluxo sanguíneo para o cérebro. O cérebro não recebe oxigênio suficiente para funcionar corretamente, resultando em danos cerebrais que, dependendo da gravidade, podem levar a problemas de cognição, fala e mobilidade, entre outros.
Fatores de risco de AVC em mulheres
Pela primeira vez, as diretrizes de AVC incluem recomendações específicas e descrevem fatores de risco — que são amplamente incontroláveis, mas úteis por razões de prevenção e monitoramento — para mulheres. Elas incluem:
- Pré-eclâmpsia (pressão alta) durante a gravidez
- Outras complicações na gravidez, incluindo parto prematuro
- Endometriose
- Uso de anticoncepcionais orais
- Falência ovariana prematura (antes dos 40 anos)
- Menopausa de início precoce (antes dos 45 anos)
- Apresentar sintomas vasomotores graves na menopausa
- Utilizar terapia de reposição hormonal (TRH) contendo estrogênio para a menopausa após os 60 anos, mais de 10 anos após a menopausa natural
- Tomar estrogênio, como mulher transgênero ou indivíduo de gênero diverso, para afirmação de gênero
Fatores de risco de AVC para todos
Os hábitos de estilo de vida mais comuns e controláveis (apelidados de “os 8 fatores essenciais de saúde cardiovascular na vida” pela Stroke Association), se não forem controlados, tornam-se fatores de risco conhecidos para AVC. Eles incluem:
- Dieta inadequada
- Tabagismo
- Sedentarismo
- Estar acima do peso
- Ter um sono ruim
- Colesterol alto
- Pressão alta
- Alto nível de açúcar no sangue
Para combater esses riscos, as novas diretrizes recomendam:
- Considerar uma dieta como a mediterrânea — composta principalmente de frutas, vegetais, feijões, nozes, grãos integrais e azeite de oliva, e quantidades mínimas de laticínios, ovos, peixes e aves — mesmo que você não tenha outros fatores de risco
- Praticar pelo menos 150 minutos semanais de atividade aeróbica de intensidade moderada ou 75 minutos semanais de atividade aeróbica vigorosa — ou uma combinação de ambas — ao longo da semana
- Dormir o suficiente
- Não fumar
- Monitorar os níveis de colesterol, pressão arterial e açúcar no sangue e mantê-los dentro de faixas saudáveis
Quando se trata de prevenção de AVC, a diretriz enfatiza a necessidade de avaliação de risco — conhecer os resultados pode ajudar na tomada de decisão de tratamento preventivo.
Estar ciente de novas opções de tratamento — como medicamentos GLP-1 para reduzir o risco de derrame em pessoas com diabetes e alto risco de doença cardíaca — e perguntar ao seu médico sobre o que pode ser melhor para você.
Além disso, é importante conhecer os sinais de alerta de um AVC. (A dica de Agnaldo Piscopo, médico cardiologista e intensivista, é fazer o teste das quatro letras S-A-M-U, ou sorrir, abraçar e cantar uma música. Peça para a pessoa sorrir e veja se a boca está torta; peça para ela dar um abraço e observe se o braço se sustenta; e peça para cantar uma música, qualquer uma, e perceba se ela consegue articular e/ou falar. Se um dos três pedidos não for contemplado, a chance de ser um AVC é de 72%, segundo o especialista. O que fazer? Ligar para o SAMU.)
“Implementar as recomendações nesta diretriz tornaria possível reduzir significativamente o risco de as pessoas terem um primeiro derrame”, observa Cheryl. Além disso, há um bônus: “A maioria das estratégias que recomendamos para prevenir derrame também ajudará a reduzir o risco de demência, outra condição de saúde séria relacionada a problemas vasculares no cérebro.”
*Estadão/Tribuna do Norte
Nenhum comentário:
Postar um comentário