Durante a fala, ele afirmou que gastos com armas deveriam ser usados contra a fome e a mudança climática, como o impacto climático afeta o Brasil e sobre a necessidade de ter uma economia menos dependente de combustíveis fósseis.
A conferência do clima — que deve durar duas semanas — é um evento que reúne governos do mundo inteiro, diplomatas, cientistas, membros da sociedade civil e diversas entidades privadas visando debater e buscar soluções para a crise climática causada pelo homem.
Gastos com fome e mudança climática
Lula disse durante o discurso que o mundo gasta mais em armas, e que a quantia poderia ser usada no combate à fome e no enfrentamento à mudança do clima. “Quantas toneladas de carbono são emitidas pelos mísseis que cruzam o céu e desabam sobre civis inocentes, sobretudo crianças e mulheres”.
O presidente afirmou que “o mundo naturalizou disparidades inaceitáveis de renda, de gênero e de raça, e que não é possível enfrentar a mudança do clima sem combater a desigualdade”.
Lula também criticou a postura da ONU sobre a incapacidade de manter a paz, “simplesmente porque alguns dos seus membros lucram com a guerra”. A Organização das Nações Unidas tem Rússia, Ucrânia e Israel como países-membros, por exemplo.
“Governantes não podem ser eximidos de suas responsabilidades. Nenhum país resolverá seus problemas sozinho. Estamos todos obrigados a atuar juntos, além de nossas fronteiras. O Brasil está disposto a liderar pelo exemplo. Ajustamos nossas metas, que são hoje mais ambiciosas do que a de muitos países desenvolvidos”, disse.
Amazonas e Rio Grande do Sul
Lula afirmou também que a Amazônia amarga uma das “mais trágicas secas de sua história”. Ele também citou que, no sul, tempestades e ciclones deixam um rastro inédito “de destruição e morte”.
“A ciência e a realidade nos mostram que desta vez a conta chegou antes”, afirmou.
No Amazonas, a seca atingiu ao menos 62 duas cidades e afetou o cotidiano de pelo menos 600 mil pessoas. A região Sul, por sua vez, registrou 71 dos 92 alertas emitidos ao governo federal nos últimos dez anos por conta desse fenômeno natural.
De acordo com Lula, “a geração que destrói o meio ambiente não é a geração que paga o preço”.
“O planeta já não espera para cobrar a próxima geração. O planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos, de metas de redução de emissão de carbono negligenciadas, de discursos vazios. Precisamos de atitudes e práticas concretas. Quantos líderes mundiais estão de fato comprometidos em salvar o planeta?”.
O presidente declarou ainda que este ano é o mais quente “dos últimos 125 mil anos”. As fortes temperaturas são resultados das contínuas emissões de gases com efeito de estufa, combinadas com o El Niño, que aquece as águas superficiais no leste do Oceano Pacífico.
Combustíveis fósseis
Lula também disse que “é hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis”.
O assunto também foi comentado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que falou não ser possível salvar o planeta com altas temperaturas “com uma mangueira de incêndio de combustíveis fósseis”.
Só será possível parar (as altas temperaturas) se pararmos de queimar todos os combustíveis fósseis. Não reduzirmos. Não diminuirmos”, afirmou.
Os combustíveis fósseis também são tema da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+), que confirmou na quinta-feira (30) a entrada no Brasil no grupo. Os líderes da organização ainda defendem o uso combustíveis fósseis, mesmo que em menor escala.
A organização disse também na quinta que realizou reunião ministerial com participação do ministro brasileiro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
“A reunião deu as boas-vindas a Sua Excelência Alexandre Silveira de Oliveira, Ministro de Minas e Energia da República Federativa do Brasil, que aderirá à Carta de Cooperação da OPEP+ a partir de janeiro de 2024”, diz a nota da organização.
A Opep foi criada em 1960 e reúne hoje 13 grandes países ofertantes de óleo no mundo, como Arábia Saudita, Irã, Iraque, Emirados Árabes Unidos e Venezuela.
A sigla com o símbolo de adição (+) inclui também os chamados “países aliados” – que não integram a organização propriamente, mas atuam de forma conjunta em algumas políticas internacionais ligadas ao comércio de petróleo e na mediação entre membros e não membros.
Não participam do grupo, no entanto, outros grandes produtores como Estados Unidos, Canadá, Brasil, China e Catar.
*Fonte: G1
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