A cidade de Patu vivenciou ontem, 11, a colação de grau da primeira turma do Curso de Licenciatura em Educação do Campo, na modalidade à distância, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern).
O curso surgiu em resposta à demanda de diversos sujeitos do campo que, historicamente, lutaram e lutam em defesa do direito à educação e a escolas nos territórios rurais. O intuito é formar profissionais para atuarem na docência e gestão escolar no contexto rural.
Álefe Batista é um dos alunos concluintes. Ele tem uma ligação muito forte tanto com o campo quanto com a educação. “O meu pai é professor aposentado e a minha mãe é agricultora. Então eu sempre vi a educação como uma oportunidade que as pessoas têm de ter um pouco de dignidade, e só os caminhos da educação que podem trazer essa dignidade às pessoas, principalmente as que residem nesse ambiente esquecido, que é o ambiente do campo”, comentou. Para seu José Alcigério, pai de Álefe, é emocionante ver o filho seguindo os caminhos da docência. “É gratificante, né? Fico muito feliz por ele estar concluindo o curso. Justamente por ser filho de um professor, ele deve carregar na genética dele uma bagagem, aquela bagagem do intuito de educar com sabedoria”, disse.
Além de Álefe Batista, outros sete alunos do curso de Educação do Campo colaram grau na noite de ontem, em Patu. “A gente está entregando para a sociedade profissionais que têm qualificação para pensar a realidade camponesa, de lutar pelos direitos dos sujeitos do campo, defender o modo de vida do campo. Então, para nós é muito importante. É uma alegria imensa”, comentou Kamila Sousa, coordenadora do Curso de Licenciatura em Educação do Campo da Uern.
Educação do campo: desafios e perspectivas
O Curso de Educação do Campo soma-se à defesa do direito à educação pública, gratuita, de qualidade e contextualizada com os modos de vida dos povos que produzem e reproduzem a vida no campo. “É um curso que tem uma proposta política em torno da defesa da educação nos territórios camponeses. Então, formar profissionais que possam atuar nesses territórios com a perspectiva de contribuir e de transformar a realidade educacional desses territórios, para nós, que fazemos o departamento de educação aqui do Campus de Patu, é muito significativo”, comentou Kamila Sousa.
Na Uern, o curso começou a ser construído ainda em 2018. Hoje, ele já existe em nove polos: Caraúbas, Guamaré, Marcelino Vieira, Natal, São Gonçalo do Amarante, Assu, Luís Gomes, Patu e Grossos.
Um dos grandes desafios, atualmente, é a busca por políticas públicas direcionadas para a consolidação de uma estrutura educacional pública no campo, que ofereça estrutura e as condições necessárias para atuação dos profissionais da área. Para Kamila Sousa, “o principal desafio é em torno do reconhecimento da existência desses profissionais, da necessidade desses profissionais nesses territórios e a garantia, por meio de seleção, para que eles possam atuar nos territórios camponeses”, finalizou.
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