Pesquisar este blog

16 abril 2022

Espetáculo da Paixão de Cristo encenado há mais de 20 anos por agricultores do RN volta a ser realizado em 2022

Paixão de Cristo é encenada no Sítio do Góis há mais de 20 anos em Apodi, RN — Foto: Inter TV Costa Branca/Reprodução
Em sua maioria, eles são agricultores, mas no período da Semana Santa, estão diante uma plateia encenando uma das histórias mais antigas da humanidade. Em vez de enxadas, as ferramentas são os figurinos que levam o público até a Jerusalém dos tempos de Jesus.

Os cerca de 80 atores e figurantes moram na comunidade do Góis, na Zona Rural de Apodi, no Oeste potiguar. Em 2022, eles retomaram as apresentações da Paixão de Cristo do Góis, como o evento ficou conhecido. Realizada há mais de 20 anos, a encenação não era feita desde 2020 por causa da pandemia da Covid-19.

Toda a preparação para a retomada durou apenas 40 dias.

"Meu texto é muito demorado, tem cerca de 12 minutos, e só tive três dias para pegá-lo. Ainda vou dar uma estudada antes de começar", disse Allef Costa, que interpreta Heródes, antes da primeira apresentação, na noite desta quinta-feira (14).

A euforia do retorno deu lugar ao nervosismo de quem teve a missão de interpretar a mãe do filho de Deus. "Maria tem um papel muito importante na minha vida, que sou católica. É muito forte, para mim, representar a mãe de Jesus, representar o sofrimento. É como se fosse a primeira vez", comentou Karina Fernandes.
Paixão de Cristo é encenada por agricultores no Sítio do Góis, há mais de 20 anos, no interior do RN — Foto: Inter TV Costa Branca/Reprodução
Assim como os demais atores, Allef e Karina moram na comunidade. Francisco Américo nunca teve aulas de atuação, mas dá vida ao personagem principal da história: Jesus.

"Aqui, ninguém tem curso de ator. Somos agricultores, donas de casa. A emoção que gera dentro da gente é o que leva a gente a fazer isso bem feito e com dedicação", disse.

Cada um contribui de alguma forma. Foi Ismar Penha, vice-diretor do espetáculo, quem produziu os figurinos e adereços. Ele dirige o espetáculo e ainda atua em dois papéis. "Como é um número grande, a gente precisa de algum apoio. Cada um contribui de uma forma para que dê tudo certo", pontuou.

O mais jovem ator é João Guilherme, de 10 meses, que estreou em 2022 ao lado da mãe, Paula Cristina, que atuou como figurante. "Estou ansiosa, pedindo para ele não se zangar na hora", falou rindo.
Cerca de 80 agricultores e donos de casa viram atores na encenação da Paixão de Cristo realizada em Apodi, no interior do RN — Foto: Inter TV Costa Branca/Reprodução
Toda a encenação acontece ao ar livre, em seis cenários que reproduzem parte da cidade de Jerusalém. O público assiste de perto aos principais momentos da história da morte e ressurreição de Jesus Cristo.

"Estou sentindo uma sensação maravilhosa. Estou muito feliz de estar aqui", afirmou a aposentada Antônia de Paiva, que assistiu à apresentação pela primeira vez.

Na peça, a história se inicia pelo anúncio de um anjo, passando pela tentação de Jesus e pelo fórum no palácio de Caifás. O momento em que Jesus tem a morte decretada é um dos mais marcantes. O prisioneiro agora condenado é entregue aos soldados romanos e inicia a via sacra.

A história da Paixão de Cristo é contada há milhares de anos e o momento mais esperado é sempre o da crucificação no Monte do Calvário. E é quase impossível não se emocionar com a mensagem transmitida através do martírio e da morte de Jesus Cristo.
Espetáculo da Paixão de Cristo no Sítio do Góis, no interior do RN — Foto: Inter TV Costa Branca/Reprodução
A agricultora Márcia Gledsonia vem todos os anos da cidade de Tabuleiro do Norte, no Ceará, para acompanhar a apresentação. "Eu acho muito bonito, eu gosto. Fico muito emocionada", afirmou.

Os olhares atentos do público esperam pelo momento em que Jesus ressuscita. O desfecho já esperado também é a certeza de que todo esforço foi recompensado, segundo o idealizador do espetáculo, Ducivan Fernandes.

"A gente sabe o valor de tudo isso, porque foi construído com um amor inexplicável. Quando a gente decidiu fazer era tão pouco tempo, mas eu acreditava no trabalho deles, acreditei em todos, e cada um se dava de dia e de noite. Chegavam do trabalho na roça, e a gente fazia com maior carinho, encenando cada parte da forma que dava para todo mundo. E assim as coisas foram dando certo. A gente só tem que agradecer a todos por um trabalho tão lindo e maravilhoso", declarou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário