Segundo dados do Mesa Brasil enviados à TRIBUNA DO NORTE, entre os 10 maiores doadores da história do programa no Rio Grande do Norte, oito deles são fazendas, um supermercado e por fim, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que lidera o top-10 das doações com 3.302.201,63 de quilos de alimentos doados. No caso da Conab, a totalidade dos alimentos é adquirida através do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), sendo 100% dos itens comprados de agricultura familiar. Em 2023, foram doados 20.419 quilos de alimentos pela Conab-RN.
“Esse alimento que compramos ele vai, através de doação, para as entidades da rede socioassistencial. A Conab fomenta a produção, organiza as cooperativas e associações, compra esse produto e precisa escoá-lo. As doações vão para CRAS, escolas, igrejas, maternidades. O Sesc com toda sua experiência de logística e estrutura para poder fazer esse alimento sair da fazenda diretamente para a mesa das pessoas que precisam, isso facilita bastante essa parceria que possuímos: Conab/cooperativas fornecendo e o Sesc recebendo. É uma parceria de sucesso. Ninguém faz nada sozinho”, explica o superintendente regional da Conab-RN, Arruda Júnior.
Uma das fazendas com mais doações no Estado é a Agrícola Famosa, tendo doado 609.567,00 quilos de alimentos, segundo dados do Mesa Brasil Sesc RN. Entre as doações estão principalmente frutas como melão e melancia, principais produções da fazenda, que é uma das maiores produtoras e exportadoras do RN. Segundo o gerente de Recursos Humanos da Agrícola Famosa, Gerson Dantas, a logística para arrecadação é semanal, com cerca de 4 a 8 toneladas de doações por semana. A Famosa participa do programa desde 2007, tendo iniciado as doações no Mesa Brasil Sesc do Ceará e posteriormente entrando no RN.
“Semanalmente, o Mesa Brasil entra em contato conosco e organizamos em quais fazendas eles farão a coleta, que é de melão e melancia de diversas variedades, carros chefe do que produzimos. O mercado europeu é muito exigente com relação a qualidade. Quando falamos de qualidade está ligado ao layout da fruta, a aparência externa dela. A fruta que não vai para a Europa é a que direcionamos para a doação, sendo a mesma que comercializamos no mercado nacional. São frutas que, em termo de sabor e qualidade no geral, é a mesma que compramos no supermercado”, explica.
Luciano Morais, gerente de Produção da Fazenda Finobrasa, explica que o desperdício sempre foi um incômodo. “Sabíamos que a destinação dessa fruta podia ser mais nobre, como por exemplo, doações a creches e orfanatos. Foi com esse espírito que adotamos a parceria com o Mesa Brasil, que tem feito um papel excelente e muito importante na assistência as pessoas mais necessitadas”, destaca.
A empresa, que é um braço do Grupo Vicunha, voltado para produção de frutas tipo exportação, especialmente, manga e uva nos estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Pernambuco, foi a maior doadora em 2023, com mais de 116 mil quilos de alimentos entregues ao Mesa Brasil. “Esperamos que nossas doações ajudem, de forma anônima, a aliviar a fome de muitas pessoas e, através desse gesto, substituir a palavra desperdício dos nossos indicadores, por solidariedade”, comenta Luciano Morais.
Anualmente, são produzidas nas fazendas da empresa mais de 15 mil toneladas de manga, com destaque para Fazenda Ubarana em Ipanguaçu-RN, que responde por mais de 50% dessa produção. A fruta descartada para exportação também é vendida no mercado interno, principalmente nos Ceasa de Natal, Recife e Fortaleza, e para fruteiros que abastecem feiras livres e pequenos comércios locais.
Segundo o diretor de Programas Sociais do Sesc-RN, Ivanaldo Júnior, as parcerias feitas com supermercados, fazendas e instituições que repassam alimentos são fundamentais para que o programa alcance números expressivos. O Mesa Brasil possui parcerias ainda com produtores de eventos, corridas, campeonatos de futebol e shows, gerando todo um ecossistema de doações e arrecadações.
O presidente do Sistema Fecomercio-RN, Marcelo Queiroz, aponta que o Mesa Brasil Sesc possui toda uma estrutura preparada e qualificada para trabalhar na arrecadação, seleção e distribuição de alimentos, de maneira que cada instituição beneficiada receba as quantidades e as doações de maneira adequada para a sua realidade.
“Temos carros e caminhões que estão sempre à disposição, e equipes treinadas para buscar e selecionar os alimentos. Uma determinada fazenda que deixa de exportar uma fruta, por causa de 1cm fora do padrão, precisa desocupar o espaço, se não tiver quem vá buscar, ele vai descartar. Então estamos lá fazendo essa colheita e entregando no tempo mais rápido possível para esse produto não deteriorar”, explica Marcelo Queiroz.
Para doadores, apoio logístico desafoga equipes
Para muitos doadores, o apoio logístico do programa Mesa Brasil é, além da garantia de que os alimentos arrecadados vão chegar ao destino adequado, uma forma de não sobrecarregar suas equipes. O Corpo de Bombeiros Militar tem feito doações robustas para o Mesa Brasil, através do projeto Caminhada da Mãe Potiguar, realizado anualmente no mês de maio. Só no ano passado foram 9.282 quilos de alimentos doados, segundo levantamento do Sesc-RN, e não fosse a estrutura do Mesa Brasil não alcançaria a mesma dimensão.
“Esse apoio logístico de caminhões e de profissionais do Mesa Brasil é fantástico, é extraordinário, senão eu teria que tirar nossos militares do operacional para fazer esse serviço. Com o programa, eu mantenho o nosso efetivo operacional onde ele deve estar, que é no atendimento ao socorro e à urgência, e a equipe do Mesa Brasil faz esse trabalho, digamos, da área administrativa, da área logística, que é a arrecadação desses alimentos, o que é formidável”, afirma o tenente-coronel Cristiano Couceiro, coordenador da caminhada Mãe Potiguar.
O Corpo de Bombeiros possui uma parceria com o Mesa Brasil há cerca de 10 anos. “Nós entendemos que dessa forma, além de dar o maior dinamismo e organização na coleta desses alimentos, nós temos a confiabilidade do selo Mesa Brasil e do Sistema Fécomércio, de que esses alimentos de fato irão para quem está mais precisando”, avalia.
Ele considera importante o amplo cadastro de instituições carentes do Mesa Brasil, desde instituições que envolvem crianças, pessoas especiais até idosos. “Algo que eu destaco no Mesa Brasil é o cuidado que a equipe tem em coletar todos esses materiais e selecionar esses alimentos que são recebidos, porque eles conseguem fazer uma contabilidade rápida e ágil, verificando para a gente a questão das validades dos alimentos, e dando um melhor direcionamento a esses alimentos. Eles conseguem selecionar o valor nutritivo do alimento mais adequado para cada instituição”, afirma.
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