Mulheres de uma comunidade rural no município de Mossoró, na Região Oeste do Rio Grande do Norte, se uniram para plantar e produzir alimentos em um quintal coletivo. A estratégia é chamada de "quintal produtivo". Uma dessas produtoras é a agricultora Eliete Costa, que vive no Assentamento Favela. Todo o espaço disponível na localidade, que tem cerca de 1 hectare, é aproveitado para plantação. "Meu quintal é dividido em várias partes. Uma parte é minha casa, tem a parte do calçadão com a cisterna, e tem essa parte aqui que tem 80 pés de acerola e 40 pés de cajueiro", disse.
Esse é um dos exemplos de convivência com o semiárido aliado às boas práticas da agricultura familiar. Ao longo dos anos, Eliete Costa foi beneficiada com vários projetos que fortalecem à atividade no campo. No assentamento, por exemplo, eles utilizam caixas d'água para um sistema de reaproveitamento de água - que é usado durante o período mais seco do ano pra irrigar os pomares e as hortaliças. A placa solar ajuda a economizar energia na hora de tirar a água da cisterna do calçadão para a caixa d'água.
Ainda tem um "minhocário", um dos principais responsáveis pela boa produção. Neste espaço é preparado o húmus, adubo natural que conta com a ajuda das minhocas californianas indispensáveis na preparação de uma bom composto orgânico, como explica o engenheiro agrônomo Ranieri Lira, que atualmente faz parte da equipe de técnicos agrícolas do município que acompanha e orienta a agricultora.
"Nós vamos ter um produto final riquíssimo em nutrientes, que é o húmus de minhocas. Esse húmus serve pra utilizar na produção de mudas ou na produção de bandejas de hortaliças. O resultado final traz um substrato riquíssimo em nutrientes para as sementeiras. A planta vai ter um maior vigor e aí teremos um resultado final que é uma planta sadia", explicou.
A filha de Eliete, LucianaClementino, também ajuda no trabalho do campo, além de manter a horta própria na casa dela.
"Graças a Deus eu nunca senti vontade de sair daqui e ir pra outro canto e se Deus quiser vou acabar meus dias aqui trabalhando na agricultura", disse.
Trabalho em comunidade Mãe e filha fazem parte de um grupo formado por 11 mulheres da comunidade favela. E o que todas essas mulheres têm em comum? Vontade de produzir
Pra aumentar e diversificar ainda mais a produção, o grupo de mulheres conseguiu essa área que fica aqui mesmo na comunidade. É um espaço de cinco hectares que será utilizado como uma área agroflorestal. O objetivo dessas mulheres é produzir ao longo de todo ano mais de dez culturas diferentes.
"Aqui na época do inverno a gente pode produzir milho, pode produzir feijão de sequeiro, quando chegar setembro tem a safra do caju, da manga, tem o tamarindo, a seriguela, tem a macaxeira, jerimum", explicou Luana Clementino, líder do grupo de mulheres.
O feijão que já foi plantado está começando a aparecer e as estacas dos pés de cajarana já vingaram. Ao todo, foram 70 estacas plantadas na área. Quando as plantas estiverem no ponto ideal da produção, a expectativa do grupo é que a cajarana se torne o principal produto de venda. Isso porque a fruta desperta uma grande procura o ano inteiro. Boas vendas significam renda permanente para as mulheres e as famílias. "É muita coisa que em um espaço onde está agregado essas 11 mulheres que têm família, e algo que vai com certeza melhorar nossa renda, dá outra vida à nossa comunidade com renda também e almejar nossos sonhos, que é o principal objetivo: a gente sonhar juntas e realizar", disse Luana Clementino.
E é com esse sentimento que a agricultora Jessina Olivera também quer aumentar a produção agroecológica que mantém com a família. Na casa dela, todo mundo se envolve com a agricultura familiar. As atividades são diversas: desde a produção de mudas de caju para venda, além da criação de bichos e do pomar recheado de pés de acerolas carregados com a fruta. Tem também goiaba e o feijão, plantado há trinta dias que está se desenvolvendo bem com a chuva, que na região do assentamento, chegou de forma satisfatória este ano.
"A gente trabalhava no quintal e já estava sem espaço pra plantar. Aí surgiu o grupo e com isso a gente conseguiu mais um hectare de terra, que é um espaço que a gente vai colocar um novo plantio. A gente já plantou a cajarana, o feijão e pretendemos também plantar a horta quando melhorar a situação da água. A gente está providenciando pra ter uma hortaliça com um espaço bem maior", disse Jessina.
*Do G1 RN