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18 novembro 2021

Centro de gravidade - Por José de Paiva Netto

A Caridade é o centro gravitacional da consciência ideológica, portanto, educacional, política, social, filosófica, científica, religiosa, artística, esportiva, doméstica e pública do Cidadão Espiritual. Desse modo, se o ser humano não tiver compreensão dela, deve esforçar-se para entendê-la, a fim de que venha a subsistir em sua própria intimidade. Não há céu mais auspicioso do que o coração, quando iluminado pelas forças do Bem, isto é, do Amor, sinônimo de Caridade e definição de Deus, segundo João, o Evangelista-Profeta, em sua Primeira Epístola, 4:8. A Caridade é o divino sentimento que nos mantém vivos. Por toda a existência, mormente na hora da dor, ao invés de lamentações, não nos esqueçamos dela e a pratiquemos com devoção. Trata-se de um grande medicamento para a Alma.

O saudoso fundador da Legião da Boa Vontade, Alziro Zarur (1914-1979), poetizou, com esta máxima, uma verdade flagrante: “A vibração do ódio destrói o corpo humano, que foi feito para vibrar na Lei do Amor”.

A Caridade é a prova do poder do Espírito de construir promissoras épocas para os cidadãos de todo o planeta. Não há maior inspiração para a boa política do que ela. Absurdo?! O tempo mostrará que não. Aliás, já está mostrando.

Essa ignorância, tantas vezes sofisticada, acerca de seu abrangente valor pode mostrar-se arrogante a respeito do significado lato sensu da Caridade e de sua eficiência na vida cotidiana de homens, povos e nações. Esse desconhecimento tem redundado nos tropeços de muita ideologia que intentou — com resultados aquém dos prometidos — corrigir a conjuntura de miséria abjeta, que massacra populações imensas. E, ao me reportar à miséria, não falo apenas de penúria social, mas espiritual, moral, mental, do intelecto. A observação dos padecimentos humanos, quando à distância, pode levar alguém a erigir uma quimera, apesar de sua grande erudição. Isso, por falta daquela sabedoria comum aos mais simples, alcançada na peleja do labor constante, para usufruir de condições mínimas de vida, diante dos embates do dia a dia, a fim de, por exemplo, sustentar a família. A teoria, na prática, nem sempre é a mesma coisa, pois a todo instante se é afrontado por fatos repentinos. A sabedoria que vem dos milênios irá revelando que, ao patrimônio acadêmico, deve juntar-se a instrução suprema nascida do aprendizado do sofrimento das multidões. O homem da rua tem muito a ensinar às suas elites.

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor. paivanetto@lbv.org.brwww.boavontade.com

09 dezembro 2020

A CARIDADE NÃO É UM SENTIMENTO DE TOLOS

Por ocasião do Dia Internacional do Voluntário, celebrado em 5/12, dedico-lhes trecho que inseri na nova edição de Jesus e a Cidadania do Espírito (2001), quanto ao significado do termo Caridade. São conceitos que tenho desenvolvido desde a década de 1960, convidando o(a) leitor(a) a refletir sobre essa ferramenta imprescindível, em minha opinião, para ajustar os mecanismos de uma sociedade ainda hoje regida pelo individualismo, seja no âmbito particular ou coletivo. Aliás, esse individualismo tem contribuído para levar muita gente à indiferença, à secura de Alma, isto é, à ausência da Solidariedade, da Fraternidade, da Generosidade nos relacionamentos humanos e sociais. Aqui, algumas reflexões sobre o tema. Espero que apreciem: 

Caridade e Estratégia 

A Caridade não é um sentimento de tolos. É a misericordiosa Estratégia de Deus que, aliada à Justiça Divina (que não é a violência que homens inescrupulosos têm como tal), estabelece nos corações a condição perfeita para que se governe, administre, empresarie, trabalhe, pregue, exerça a Ciência, elabore a Filosofia e se viva, com espírito de Generosidade, a Religião. 

Boa ação voluntária  

Quando há Amor Fraterno, incontrastável empenho e consagrada competência, que se desenvolve com labor e zelo — desde a fixação de um simples prego na madeira (creia no seu valor próprio!) —, não existem limites para o alicerce de um mundo melhor. 

Medeiros e Albuquerque (1867-1934), jornalista, professor, político e abolicionista pernambucano, acertadamente reconheceu: “O que faz a superioridade do homem sobre os outros animais é que ele compreendeu como na luta pela vida uma das armas mais eficazes é a bondade, é a assistência recíproca, é a caridade”. 

Realizar o Bem voluntariamente é uma das mais belas páginas de Amor que o ser humano, ou seja, o Cidadão do Espírito, pode escrever. (...) 

Inesgotável combustível 

A Caridade, aliada à Justiça e à Verdade Divinas, é o combustível das transformações profundas. Sua ação é sutil, mas eficaz. A Caridade é Deus, quando inequivocamente entendido como Amor, e não como vingança. 

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.