Bárbara Schneider, de 15 anos, segura carta escrita pelo pai antes do nascimento dela e que estava escondida em disco — Foto: Cedida |
Fã da banda britânica e da brincadeira de caça aos tesouro, Karlo deixou um verdadeiro desafio para sua família, que começou uma busca por essas cartas em 2021. A história com contornos de roteiro de filme viralizou na internet.
É que Schneider ficou desempregado durante a pandemia e, para ajudar no sustento da família, se desfez de grande parte da coleção de discos dos Beatles e seus integrantes como John Lennon.
Porém, dentro das embalagens dos vinis vendidos pela internet, também foram enviadas as cartas que ele teve a ideia de escrever com amigos antes do nascimento de Bárbara - sua filha mais velha - e que só seriam entregues a ela quando completasse 15 anos.
Karlo guardou as cartas na coleção justamente por achar que nunca precisaria se desfazer dos discos.
Ele já tinha voltado a trabalhar como gerente de hotel quando pegou Covid-19 em 2021. Foi intubado no dia 2 de março - dia do aniversário da esposa e dois dias antes do aniversário de 14 anos da filha - e faleceu no dia 11 do mesmo mês, em Mossoró, no Oeste potiguar.
Após a caçada coletiva iniciada pela família, pelo menos três cartas foram recuperadas no fim do ano passado. Entre elas, uma do próprio Schneider, que não foi terminada.
Karlo Schneider em cômodo da casa ilustrado com nomes de canções dos Beatles — Foto: Arquivo pessoal
Segundo a mãe de Bárbara, Alcione Araújo, um dos compradores dos discos encontrou as cartas, ficou tocado com a história e entregou de volta para a família o disco "Imagine" de John Lennon com os escritos dentro. O homem, que pediu a ela para não ser identificado, havia perdido o filho também para a Covid.
"Ele só disse que estava muito feliz de poder presentear uma filha que perdeu o pai, sendo ele um pai que perdeu um filho", conta Alcione.
Karlo Schneider, de 40 anos, era fã dos beatles e colecionador de vinis; ele morreu aos 40 anos de idade — Foto: Divulgação
A entrega do disco junto com as cartas aconteceu em dezembro, em Natal, mas Alcione preferiu guardar segredo, junto com a filha. Bárbara decidiu só abrir as cartas no dia do seu aniversário, como havia sido proposto pelo pai.
As outras duas cartas são de um amigo de Schneider, o Francisco Segundo. Segundo Alcione, a família ainda não sabe quantas outras cartas estão guardadas dentro de discos vendidos por Schneider, ou se há outras cartas escritas por ele, entre as desaparecidas.
'Minha bonequinha'
A carta de Schneider não foi concluída. Na última frase, ele pergunta à filha se eles ainda moram em Natal. A tinta da caneta começou a desaparecer no início e foi acabando até o nome da cidade ficar praticamente apagado. O texto sequer leva sua assinatura.
Porém, para Alcione, não restam dúvidas de que a carta é do marido dela. Primeiro por causa da letra e, segundo, pela expressão usada para a menina: "Minha bonequinha". "É como ele chamava ela", lembra.
Karlo Schneider morreu vítima da Covid-19 aos 40 anos de idade — Foto: Arquivo pessoal
"Isso mexeu comigo, porque nos últimos dias, ele foi perdendo o oxigênio, e a carta é isso, a tinta vai se apagando", conta.
"Parece um filme, quando a pessoa não terminou de escrever a história. Tem toda uma simbologia", comenta a amiga da família, Ulla Saraiva, que foi quem postou a história que viralizou na internet.
Segundo a mãe de Bárbara, Alcione Araújo, um dos compradores dos discos encontrou as cartas, ficou tocado com a história e entregou de volta para a família o disco "Imagine" de John Lennon com os escritos dentro. O homem, que pediu a ela para não ser identificado, havia perdido o filho também para a Covid.
"Ele só disse que estava muito feliz de poder presentear uma filha que perdeu o pai, sendo ele um pai que perdeu um filho", conta Alcione.
Karlo Schneider, de 40 anos, era fã dos beatles e colecionador de vinis; ele morreu aos 40 anos de idade — Foto: Divulgação
A entrega do disco junto com as cartas aconteceu em dezembro, em Natal, mas Alcione preferiu guardar segredo, junto com a filha. Bárbara decidiu só abrir as cartas no dia do seu aniversário, como havia sido proposto pelo pai.
As outras duas cartas são de um amigo de Schneider, o Francisco Segundo. Segundo Alcione, a família ainda não sabe quantas outras cartas estão guardadas dentro de discos vendidos por Schneider, ou se há outras cartas escritas por ele, entre as desaparecidas.
'Minha bonequinha'
A carta de Schneider não foi concluída. Na última frase, ele pergunta à filha se eles ainda moram em Natal. A tinta da caneta começou a desaparecer no início e foi acabando até o nome da cidade ficar praticamente apagado. O texto sequer leva sua assinatura.
Porém, para Alcione, não restam dúvidas de que a carta é do marido dela. Primeiro por causa da letra e, segundo, pela expressão usada para a menina: "Minha bonequinha". "É como ele chamava ela", lembra.
Karlo Schneider morreu vítima da Covid-19 aos 40 anos de idade — Foto: Arquivo pessoal
"Isso mexeu comigo, porque nos últimos dias, ele foi perdendo o oxigênio, e a carta é isso, a tinta vai se apagando", conta.
"Parece um filme, quando a pessoa não terminou de escrever a história. Tem toda uma simbologia", comenta a amiga da família, Ulla Saraiva, que foi quem postou a história que viralizou na internet.
*Do G1 RN
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