Nos últimos dias, após o desastre climático que se abateu sobre a região sul do país, ela atua como voluntária em abrigos para auxiliar quem perdeu tudo nas enchentes.
Amanda mora em Canoas há pouco mais de um ano. “É um cenário inacreditável, parece cenas de filmes que falam de fim de mundo. É impressionante! Uma parte da cidade está totalmente submersa e a parte mais alta não foi atingida”.
A casa que Amanda mora não foi atingida, mas ela decidiu atuar como voluntária na unidade escolar na qual leciona. O prédio foi transformado em um abrigo para acolher essas vítimas. “Estou atuando como voluntária na escola, organizamos uma escala de serviço e meu turno é o da noite e toda madrugada, auxiliando no recebimento, na alimentação e toda organização”.
Ela lembra que o sentimento de solidariedade é o que a move. “Estava em casa desde a sexta-feira sem conseguir dormir, vendo pela televisão o que estava acontecendo e incomodada sem conseguir fazer nada. Mas, no momento em que a escola foi aberta me senti de outra forma e fui ajudar, eu não consigo ficar assistindo a um quadro desse de dor, de perda, de tudo. Acho que esse sentimento é o que movimenta todos, de querer ajudar”.
Amanda relembra que não houve nenhuma comunicação prévia por parte das autoridades locais informando que haveria essa possibilidade das enchentes atingirem a região.
Segundo a professora, os relatos dos desabrigados são desesperadores. “Muitas pessoas demoraram a sair de suas casas por não acreditarem que a água atingiria níveis como esse. A água estava na região do tornozelo e em poucos minutos já estava acima do joelho, então começava a subir para o segundo andar da casa ou até mesmo para o telhado e mesmo assim não conseguiam mais sair. Existem diversos relatos de pessoas que tiveram famílias sendo arrastadas pela água”.
A educadora revela que é uma mistura de sentimentos. “Eu não me sinto no direito de chorar quando estou na escola, pois estou com a minha casa intacta e não perdi ninguém. Mas, depois que eu durmo e acordo, me organizo para voltar. Chega a ser contraditório ter forças para reagir, para fazer algumas coisas e, ao mesmo tempo sofrer pela dor do outro que acompanhamos não só na TV ou internet, mas na escola”, detalhou.
“Estou meio perdida desde que tudo começou. Parece que abriu um portal e entramos em outra realidade”, definiu Gurgel.
*João Marcolino
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