Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que o Rio Grande do Norte deve registrar 130 novos casos de câncer de laringe neste ano. A doença pode ser causada por fatores como o tabagismo, consumo de bebidas, estresse da voz, obesidade e idade avançada. Seu tratamento varia de caso em caso, mas em algumas situações é necessário cirurgia de remoção da laringe, causando perda da voz natural.
Quanto mais cedo o diagnóstico do câncer de laringe, maiores são as chances de cura e preservação das cordas vocais, por isso é importante ficar atento aos primeiros sintomas, conta o médico Luís Eduardo Barbalho, especialista em cirurgia de cabeça e pescoço da Liga. “Rouquidão persistente que não melhora com o tratamento medicamentoso, falta de ar e dor ao ingerir os alimentos são sinais da doença”, explica.
Entre os tratamentos da doença, destaca-se a terapia fonoaudiológica, segundo Josy Amorim, fonoaudióloga da Liga. A terapia atua no acompanhamento ao tratamento para reduzir efeitos da radioterapia sobre a deglutição, desenvolvendo manobras para minimizar o desconforto e promover uma alimentação segura do paciente.
“A abordagem fonoaudiológica é voltada para promover mobilidade e tônus das estruturas tratadas ou remanescentes após procedimento cirúrgico e é desenvolvido um protocolo terapêutico personalizado para cada paciente e tipo de alteração após abordagem oncológica”, conta a fonoaudióloga.
Desde 2023, como parte do esforço para reabilitar a voz de pacientes que passaram por laringectomia total, a Liga Contra o Câncer tem realizado cirurgias para implantar próteses traqueoesofágicas. Essa iniciativa inédita no Rio Grande do Norte está integrada ao Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon) do Governo Federal. O processo teve início com a triagem em 2022 e, desde maio de 2023, já foram realizados 11 implantes da prótese. Esses pacientes recebem acompanhamento contínuo dos serviços de fonoaudiologia e de cabeça e pescoço da instituição.
Segundo o doutor Luís Eduardo Barbalho, a prótese devolve a capacidade de se comunicar através da produção da voz mais próxima da original, permitindo o convívio social com melhor qualidade de vida. “Esse trabalho ainda não é uma política pública consolidada, sendo oferecido apenas em centros de referências, como a Liga”, afirma.
Com 74 anos de atuação, a Liga Contra o Câncer é uma das principais referências do país no tratamento oncológico. Além das quatro unidades já em funcionamento, a Liga está em fase de conclusão das obras do Hospital Oncológico Pediátrico, no bairro do Alecrim, e do Centro de Diagnóstico e Ensino em Currais Novos.
*Agora RN