A baraunense Anna Beatriz Rebouças Bezerra Veríssimo, de 21 anos, foi uma das 12 estudantes em todo o Brasil e a única no Rio Grande do Norte a conseguir alcançar a nota 1000 na redação.
Nesta terça-feira (14), a equipe do MOSSORÓ HOJE foi até a casa da jovem para conhecer um pouco mais sobre a história, o local onde estudava e a trajetória até o resultado.
Beatriz contou que concluiu o ensino médio no ano de 2020, no entanto, ela já realizada às provas do Enem desde 2018, como treineira. Ao todo, foram 7 provas de Enem, 5 vestibulares da Universidade do Estado do Ceará (UECE) e mais dois vestibulares da FUVEST, em São Paulo.
Em 2020 ela chegou a ser aprovada em primeiro lugar no curso de odontologia da UERN, em Caicó, mas não se matriculou, porque decidiu que queria seguir tentando o sonho de cursar Medicina, na mesma universidade.
Bia, como gosta de ser chamada, contou ao MOSSORÓ HOJE que espera um bom resultado nesta última redação do Enem, estava confiante, mas que ser a nota 1000 na redação foi uma surpresa.
“Eu estava aqui arrumando o meu quarto, na verdade, e eu vi muita notificação assim de grupos relacionados ao Enem, então pensei “o resultado pode ter saído”. Na mesma hora eu abri, com facilidade o site já entrou e quando eu vi essa nota, eu estava só com meu irmão aqui em casa, no quarto, aqui vizinho. Eu saí correndo pra contar para ele, mas eu disse “não poste, porque pode ser um erro, pode ser algum problema do site, realmente, custei para acreditar, e eu fiquei um bom tempo assim, receosa, mas logo a notícia se espalhou”, contou
A estudante disse que não tem um segredo ou um caminho fácil para chegar a um resultado como este, além de muito estudo, leitura, praticar muita redação e, principalmente, ser original ao escrever sobre o tema prosposto.
“Até agora eu não sei explicar o que me fez tirar mil, mas eu acredito muito que quando você escreve, principalmente uma redação, num processo seletivo, você tem que tentar se destacar dos outros, então você não pode tentar copiar. Ainda mais nesse período que vai sair as notas mil, tem muita gente que lê essas redações e pensa que você, copiando até trechos inteiros, vai conseguir tirar essa nota e isso não acontece. Então tentar fazer uma redação mais autoral possível com a sua cara é realmente o que eu indico”.
Ela contou que ao longo dos anos de estudo tentava fazer uma redação por semana, às vezes até menos, devido ao fato de já ter muito tempo de prática. “É muito importante, realmente, tentar ter essa prática. Então, principalmente para quem está iniciando, para quem não tem tanto costume de escrever, é mais importante ainda fazer pelo menos uma na semana”
Em 2024 o tema da redação foi "Desafios para a valorização da herança africana no Brasil". Bia disse que se inspirou em um romance Torto Arado, do escritor baiano Itamar Vieira Junior, que conta a história de duas irmãs, que vivem em condições de trabalho escravo contemporâneo em uma fazenda no sertão da Chapada Diamantina.
“Eu gostei bastante do tema assim que eu abri, porque é um tipo de tema que eu gosto muito de discorrer e de estudar, esse tipo de tema social. Então, de cara, quando eu li, eu pensei num livro que eu li durante o meu ano de vestibular, que é Torto Arado. Então, eu já tinha usado em outras redações esse mesmo livro, porque tem temáticas raciais, muito importantes, e religiosas. Então, fez todo o sentido para mim e se encaixou muito bem na minha linha de argumentação”.
Além da redação, Bia também se saiu bem no exame como um todo, conseguindo alcançar 90% de acertos nas provas. Ele reforçou que para chegar a esse resultado foi preciso se desligar um pouco, principalmente das redes sociais.
Segundo ela, o celular é uma ótima ferramenta de pesquisa, mas que as redes sociais acabam tirando o foco e sendo uma grande distração quando a pessoa tem um objetivo a ser alcançado, que exige estudo e dedicação. “Eu tinha hora pra mexer no celular ao longo do dia”, disse.
APOIO DA FAMÍLIA
O pai de Anna Beatriz, Adalberto Frank contou que a filha sempre foi muito apegada aos estudos e que a família precisava ficar no pé até para que ela parasse para comer. Diz que desde os 4 anos de idade ela já falava que queria cursar medicina e nunca mudou de ideia.
Ele conta que a cada resultado das provas que Bia fazia e não passava, deixava a família, mas Bia, ao invés de chorar, se trancava no quarto e recomeçava os estudos.
“A mãe dizia “será que ela tá chorando?”, aí eu provocava uma vinda aqui no quarto dela, para ela abrir a porta e ela tava era estudando. Não abriu nem janela para ficar triste, continuou correndo atrás”, contou o pai orgulhoso.
Questionada sobre o que diria para quem também já está tentando um bom resultado no Enem há algum tempo e está desestimulado, Bia disse que é preciso acreditar, que um dia vai dar certo.
“Se você tem fé em Deus, independente do que você acredita, você deve se segurar nisso, se apegar nisso, porque é muito importante para a gente manter assim realmente a crença de que as coisas vão dar certo. De forma alguma eu imaginava, eu sabia pelo menos que isso ia acontecer na minha vida. Eu não sabia que ia ser agora e se, por exemplo, precisasse de mais de um ano, eu sei que eu teria, por exemplo, o apoio da minha família, que eu teria condição mental de tentar, porque se você tem um sonho, é muito importante que você persista nisso, independente do seu histórico ou quantos anos você tenta”, concluiu.
*Mossoró Hoje
Nenhum comentário:
Postar um comentário